Quarta-feira, 06 de agosto de 2025
Por Tito Guarniere | 26 de julho de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) abandona Brasília, se estabelece nos Estado Unidos, e ao invés de fazer oposição – uma vez que ele mais do que detestar, odeia o governo Lula – no território do seu país, como os demais oposicionistas, deita e rola nos bastidores do poder em Washington, valendo-se de suas conexões com a extrema-direita americana e com a seita trumpista.
Em outros tempos ele seria chamado de quinta-coluna – agente infiltrado a serviço da potência estrangeira ou inimiga. Mas o bolsonarismo é uma feitiçaria poderosa – não importa a gravidade dos atos que os seus adeptos e seguidores cometam, eles sempre encontram uma razão esdrúxula para argumentar. Como no 8 de janeiro, que eles negam com a mão sobre a Bíblia a tentativa de golpe, apesar das evidências solares.
O que está em curso e pleno andamento é dos mais sórdidos: O cidadão Eduardo Bolsonaro, que se diz patriota, os bolsonaristas, entretanto, se põem sem pejo nem vergonha a serviço de interesses externos, causando grave prejuízo à economia, às nossas empresas, extinguindo valiosos postos de trabalho.. E tudo lhes parece na ordem natural das coisas.
Se você diz “alto lá! Isso não tem nada a ver com os nossos melhores valores e interesses”, eles dobram a aposta e vão mais fundo, no servilismo dos fracos, dos pusilânimes, dos vergados ao peso do viralatismo, que historicamente nos aflige e apequena.
E se é verdade que houve prejuízos ao Brasil e aos brasileiros, a culpa é do governo, de Lula, da esquerda, é dos comunistas que querem tomar o país. Eles, os bolsonaristas, os fiéis da seita Trump, detêm o monopólio da virtude patriótica. Os outros, os demais pertencem ao mundo dos ímpios. É patético.
O gangster americano de mechas amarelas, “estadista” que se comporta como um rinoceronte na loja de cristais, pretenso imperador do mundo, faz chantagem indecorosa, beirando o escracho: Ele retira a sobretaxação de 50% na importação de produtos brasileiros, desde que não mexam nos negócios e nos lucros das big techs e das bandeiras de cartão de crédito, e parem de incomodar o amigão do peito, homem bom e honesto, Jair Bolsonaro.
Diante de todas essas maluquices, é mais do que previsível que tudo isto não vai acabar bem. Porque não existe nenhum sinal de racionalidade de parte a parte, embora seja razoável dizer que o Brasil tenha uma margem estreita de alternativas, a não ser que renuncie à sua condição de estado soberano.
No dia em que um chefe de estado estrangeiro der ordens e determinar decisões políticas a governantes legitimamente eleitos, ou que o Judiciário não decidir mais sob a égide da lei, sob o destrambelho de um personagem extravagante, de outro país, hemisfério e continente, então não haverá razão para a existência da República.
É preciso denunciar e dar combate sem trégua a essa gente que despreza os direitos fundamentais, os avanços civilizatórios, essa gente que não tem noção dos valores da democracia, do peso das instituições na vida nacional e que pretendem submeter tudo ao pensamento autoritário, aos seus juízos obtusos e regressivos.
(titoguarniere@terra.com.br)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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