Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2022
A deputada republicana Liz Cheney anunciou na semana passada que está considerando sua própria candidatura à Casa Branca em um esforço total para impedir que Donald Trump ganhe outro mandato como presidente dos Estados Unidos.
Filha do ex-vice-presidente Dick Cheney, ela perdeu sua corrida primária republicana na semana passada no Estado do Wyoming e não poderá concorrer à reeleição no Congresso americano em novembro. A família Cheney nunca havia perdido uma eleição no Estado em 44 anos.
Sua decisão de sair como candidata à vaga do partido à Casa Branca testaria a viabilidade nacional de uma plataforma conservadora e anti-Trump que fracassou amplamente no Estado de Cheney, que deu ao ex-presidente sua maior margem de vitória em 2016 – mais de 70% dos votos.
A deputada perdeu as primárias do Partido Republicano por mais de 35 pontos porcentuais na terça-feira para Harriet Hageman, a adversária endossada por Trump. Cheney representava a única cadeira do Estado na Câmara, em Washington, desde 2017.
Ao reconhecer a derrota, Cheney prometeu fazer todo o possível para evitar que Trump volte à presidência. “Desde 6 de janeiro eu afirmo que farei o que for preciso para garantir que Donald Trump nunca mais chegue perto do Salão Oval, e estou falando sério”, disse ela a apoiadores em um discurso depois da derrota nas primárias.
Cheney também anunciou a formação de um comitê de ação política, a Grande Tarefa, que teria o objetivo de educar os americanos sobre ameaças à democracia. Esse comitê apresentou uma declaração de organização à Comissão Eleitoral Federal nesta quarta-feira.
O nome se refere ao Discurso de Gettysburg, de 1863, no qual o então presidente Abraham Lincoln disse que: “a grande tarefa que nos resta era garantir que esta nação, sob Deus, tenha um novo nascimento de liberdade, e que o governo do povo, pelo povo, para o povo, não perecerá da terra”.
A expressão é sempre citada por Cheney, incluindo no seu discurso que reconheceu a derrota na noite de terça-feira. Falando com Savannah Guthrie no Today Show da NBC nesta quarta-feira, Cheney inicialmente evitou a questão sobre se ela tinha uma campanha em mente para 2024.
Mas depois de ser pressionada, ela disse: “É algo em que estou pensando e tomarei uma decisão nos próximos meses”. “Acho que derrotá-lo vai exigir uma frente ampla e unida de republicanos, democratas e independentes”, disse ela sobre Trump.
Para Cheney, “milhões de republicanos e americanos em todo o país” rejeitaram as ações do ex-presidente, quando ele divulgou “mentiras” sobre a batida do FBI em sua mansão em Mar-a-Lago e demonizou os agentes federais, mesmo quando eles enfrentavam seus apoiadores.
Mas se a maioria dos democratas e independentes se opõem a Trump, os republicanos que o fazem são uma pequena minoria dos eleitores que escolherão o candidato do partido em 2024.
E enquanto alguns democratas em Wyoming mudaram sua filiação partidária para apoiar Cheney em suas primárias, quando a alternativa era uma republicana de extrema direita, dificilmente o farão nacionalmente para apoiar outro nome que não o de um candidato democrata.
Descendente da direita tradicional, pró-armas e anti-aborto, o histórico de Cheney, particularmente em política externa, é uma maldição para muitos democratas, e ela indicou na entrevista na quarta-feira que continuaria a pressionar por políticas que disse que o Partido Republicano “costumava defender”.
Ela citou como exemplo as crenças “em governo e impostos baixos e uma forte defesa nacional” e “que a família tem de ser o centro de nossa comunidade e de nossas vidas”.
Cheney tem ajudado a liderar a investigação da Câmara sobre as ações de Trump e seus aliados em torno do motim no Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, e disse que continuaria esse trabalho nos meses anteriores ao término de seu mandato, em janeiro. Ela também tem criticado os republicanos que se aliaram a Trump em rejeitar a legitimidade da vitória do presidente Joe Biden. A comissão da Câmara investiga se Trump “faltou ao dever” durante o ataque que tentava impedir a certificação de Biden.
Em retaliação, o ex-presidente desencadeou sua fúria sobre Cheney, acusando-a de ser “desleal” e chamando-a de “fracassada que dá lições”. O ex-presidente comemorou a derrota de Cheney, que chamou de “resultado maravilhoso para os Estados Unidos”. “Agora ela pode finalmente desaparecer nas profundezas do esquecimento político onde, tenho certeza, será muito mais feliz do que é agora”, afirmou em sua rede social, Truth Social. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e The New York Times.