Quinta-feira, 05 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 3 de junho de 2025
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou em nota na noite dessa terça-feira (3), após se tornar público que ela deixou o Brasil, que pretende se licenciar do cargo e se estabelecer na Europa, mas não revelou em qual país está. Ela disse ainda que está fora há alguns dias para realizar um tratamento médico e que pretende permanecer no exterior “diante do atual cenário”.
Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Apesar disso, ela não tem restrições legais para sair do País — seu passaporte foi devolvido meses atrás.
A deputada justificou a decisão alegando perseguição política e disse que possui cidadania europeia, o que lhe permite residência legal fora do Brasil.
“É estranho abrir mão do que sempre foi meu lugar. Mas no fundo eu sei que a minha voz vai ecoar ainda mais forte, porque não vai ter mais amarras”, afirmou.
Zambelli disse ainda que pretende dialogar com lideranças estrangeiras e denunciar o que classifica como abusos no Brasil:
“Vou buscar apoio de parlamentares e políticos europeus. A ideia é estabelecer conexões e trazer atenção internacional para o que está acontecendo no Brasil”, disse.
Apesar de estar fora do País, a parlamentar afirmou que continuará recorrendo ao STF para garantir o pleno exercício do mandato. “Vou continuar lutando pelo meu mandato e pela verdade, mas agora de fora do país”, declarou.
Zambelli afirmou também que vai formalizar o pedido de licença à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados nos próximos dias. “Tem que passar pela Câmara antes. A Câmara pode votar pela não cassação”, disse.
PGR
Após as declarações de Zambelli, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo sua prisão preventiva e a inclusão do seu nome na lista da Interpol, a polícia internacional.
No pedido encaminhado ao STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que a imposição da prisão cautelar não representa uma antecipação da pena imposta a ela pela Primeira Turma, mas uma medida necessária para garantir a a aplicação da lei.
Gonet também pediu que o nome da parlamentar seja incluído na difusão vermelha da Interpol, além da suspensão do passaporte e comunicação aos países sobre a situação de Zambelli.
Investigadores que acompanham o caso trabalham com a hipótese de que ela deixou o País por uma rota terrestre que incluiu a cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, e a fronteira com a Argentina. Segundo apurações preliminares, Zambelli teria atravessado a divisa até a cidade de Puerto Iguazú, a apenas 16 quilômetros do centro de Foz do Iguaçu, antes de seguir rumo a Ezeiza, na província de Buenos Aires. De lá, embarcou com destino aos Estados Unidos.
O advogado de Zambelli, Daniel Bialski, confirmou que foi informado da viagem e disse que ela deixou o País “para dar continuidade a um tratamento de saúde”. Ele disse que, “por motivo de foro íntimo”, deixou a defesa da deputada. (Com informações do jornal O Globo)