Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de fevereiro de 2024
				O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem admitiu a possibilidade de que tenham ocorrido “atividades ilícitas” enquanto esteve a frente do órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O hoje deputado federal pelo PL do Rio defendeu que uma “minoria” pode ter desvirtuado o órgão.
Ramagem levantou suspeitas sobre a atuação de Paulo Mauricio Fortunato, diretor de Operações da Abin ao longo de sua gestão. Com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, o servidor ascendeu e chegou a ocupar o terceiro posto na hierarquia da agência, até ser afastado das funções por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em outubro do ano passado. A medida se deu no âmbito do inquérito que trata do uso pelo órgão do programa espião FirstMile.
A Polícia Federal (PF) vem apurando se a estrutura da Abin foi utilizada para espionar ilegalmente autoridades e adversários políticos do então presidente. A investigação que já cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao próprio Ramagem e ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-titular do Planalto.
Durante uma das fases das operações desencadeadas pela PF, os agentes apreenderam 170 mil dólares em espécie na asa de Fortunato, o equivalente a pouco mais de R$ 800 mil. Na ocasião, ele argumentou que o montante seria referente a uma poupança familiar. Ramagem sustenta, sem apresentar provas, que as primeiras apurações internas a respeito da conduta do servidor ocorreram sob sua tutela.
“Foi na casa desse servidor que foram encontrados 170 mil dólares, quase R$ 1 milhão. Então, eu que fiz toda apuração, e que gerou a exoneração dele, e que se demonstra que pode ter atividades ilícitas lá dentro. Por que eu agora estou sendo investigado? Esse é o absurdo da perseguição. Esse é o absurdo que se vê da pesca probatória. Por quê?”, questionou Ramagem, repetindo uma retórica largamente empregada por bolsonaristas.
O parlamentar negou ter fornecido informações confidenciais em favor de Bolsonaro ou sua família enquanto comandou o órgão de Inteligência. Ele também comentou o uso do FirstMile pela agência.
“Eu acredito que a utilização, em sua grande maioria, quase totalidade, pode ter sido para trabalho de inteligência. Correto. Tem oficiais de inteligência de bom trabalho”, descreveu o parlamentar, acrescentando em seguida: “acredito que uma minoria possa ter desvirtuado. A Agência Brasileira de Inteligência tem as atribuições de combater espionagem industrial, proteção do conhecimento sensível, proteção de estruturas estratégicas, como Itaipu…”