Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 22 de abril de 2022
“O jeito que eu coloquei, que eu errei… de expressar, então ela está no direito dela e tudo bem… mais 5 minutos de fama, sem problema nenhum”, disse na quinta-feira (21) o deputado estadual delegado Olim (PP) sobre a deputada Isa Penna (PCdoB), sua colega na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).
A declaração de Olim a respeito de Isa foi dada à TV Globo um dia após ele ter falado que a deputada teve “sorte” de ter sido assediada sexualmente por um outro colega parlamentar durante sessão na Alesp em 2020. Há dois anos, câmeras da Assembleia gravaram o momento que o deputado Fernando Cury (atualmente no União Brasil) se aproximou por trás de Isa e apalpou seu seio.
“A Isa Penna que… sorte a dela. Ela vai se eleger por causa disso [do assédio que sofreu de Cury]. Sim, ela só fala nisso”, disse Olim na quarta-feira (20) ao comediante e apresentador Rogério Vilela, no podcast Inteligência Ltda.
O vídeo do programa, no qual Olim afirmou que a deputada vai conseguir se reeleger por conta da repercussão que o caso teve, viralizou nas redes sociais. Isa Penna deixou o PSOL no início de 2022 e se filiou ao PCdoB e deve concorrer nas eleições deste ano ao cargo de deputada federal.
“Quando o delegado Olim pega o meu caso e diminui, reduz, inclusive me coloca na posição de… como se eu tivesse tido alguma vantagem por ter sido assediada, ele ofende e dá um tapa na cara de todas as mulheres brasileiras”, rebateu Isa em entrevista na quinta.
Ainda na quinta, Olim alegou que se expressou mal ao falar de Isa durante o podcast. “Na verdade eu me expressei mal. Eu quis dizer que a deputada Isa Penna, quando aconteceu esses fatos, fatos esses infelizes e repugnantes para mim, o assédio que ela teve de um deputado desta casa, ela ficou muito mais conhecida. Era isso que queria dizer. Nada mais do que isso. Como eu me expressei mal, eu até peço desculpa”, disse Olim.
Para a deputada, no entanto, as declarações do deputado merecem uma apuração da Alesp. Ela afirmou que entrará com uma representação contra Olim para que ele seja afastado do Conselho de Ética na Assembleia Legislativa de São Paulo.
“É sim possível reabrir e investigar uma possível suspensão… ou seja, ele é suspeito de julgar outros casos de violência contra mulher e não ter sido imparcial. A gente precisa que seja”, argumentou Isa.
“Por conta de tudo isso, entrarei com uma representação para que o deputado Delegado Olim seja afastado do Conselho de Ética da Alesp. Seu comportamento é desrespeitoso não só comigo, mas com todas as mulheres que todos os dias lutam contra o machismo, muitas delas suas eleitoras”, afirma a deputada por meio de nota enviada por sua assessoria.
A deputada ainda estuda a possibilidade de acionar também o Ministério Público (MP) para apurar a conduta de Olim por causa de suas declarações contra ela.
Olim ainda minimizou no programa do podcast o assédio que Isa sofreu dizendo que Cury é um “cara do bem”. “Acho que ele [Cury] estava lá dentro dos gabinetes, ele bebeu. Porque ele é um cara do bem, todo mundo adora ele. Eu acho que o que ele fez ali, ele nunca mais vai esquecer na vida dele”, falou Olim.
Importunação sexual
Em dezembro de 2020, um vídeo gravado por câmera da Assembleia Legislativa de São Paulo mostrou o deputado estadual Fernando Cury, na época no Cidadania-SP, passando a mão no seio de Isa Penna durante sessão extraordinária para votar o orçamento do estado. A deputada registrou boletim de ocorrência contra o deputado por importunação sexual.
Em novembro de 2021, o diretório estadual do Cidadania decidiu, por 27 votos a 3, pela expulsão de Cury do partido.
Cury foi notificado pela Justiça por importunação sexual em outubro do ano passado.
Ele foi denunciado na esfera criminal em março pelo Ministério Público e, desde abril, a Justiça tentava localizar e notificar o parlamentar para poder dar início ao processo.
Cury retomou o mandato na Alesp no início de outubro, após 180 dias de suspensão determinados pela Casa por passar a mão na também deputada Isa Penna (PSOL).
A defesa de Fernando Cury alega que ele “não teve a intenção de desrespeitar a colega do PSOL ou assediá-la” no que chamou de “leve e rápido abraço”, mas a deputada o acusou ao Conselho de Ética da Casa Legislativa e defendeu a cassação do mandato dele. As informações são do portal de notícias G1.