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Por Redação O Sul | 20 de outubro de 2022
Um grupo de deputados recém-eleitos da província canadense de Québec se recusou, na quarta-feira, a jurar lealdade ao rei Charles III, que segundo a Constituição do país é o chefe de Estado. A província tem maioria francófona e já celebrou dois referendos, em 1980 e 1995, para se separar do restante do Canadá. Nas duas ocasiões, a maioria votou pelo não à independência.
Os 11 deputados do partido de esquerda Québec Solidário prestaram juramento “para o povo de Québec”, mas não quiseram fazer o juramento que os vincula à Coroa britânica, mesmo sob o risco de não poder ocupar seus assentos na Assembleia Nacional de Québec no fim de novembro.
O porta-voz do partido, Gabriel Nadeau-Dubois, disse em entrevista coletiva que eles tinham agido “com total conhecimento de causa”.
“Fez-se campanha para uma mudança em Québec. Se nos enviaram ao Parlamento, é para abrir uma porta”, acrescentou.
Segundo a Constituição do Canadá, qualquer deputado em nível federal ou provincial deve prestar juramento de lealdade à monarquia britânica para poder exercer seu mandato.
Paul St-Pierre Plamondon, líder do Québec Solidário, informou na semana passada que se tratava de “um conflito de interesses”, pois “não se pode servir a dois senhores”. Além disso, segundo ele, a monarquia custa “67 milhões de dólares canadenses a cada ano” e esse juramento é uma “recordação da dominação colonial”.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, reafirmou na quarta que “não havia um quebequense” que quisesse “rever a Constituição”. Para abolir a monarquia, seria preciso mudar a Carta do país, o que exige a aprovação do Parlamento e dos governos das dez províncias canadenses, um processo que pode se arrastar por anos.
Coroação do rei
A coroação do rei Charles III será realizada em um sábado, no dia 6 de maio de 2023. Na cerimônia, o monarca será coroado ao lado da rainha consorte na Abadia de Westminster, de acordo com o Palácio de Buckingham.
Charles, de 73 anos, tornou-se rei automaticamente após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II, no mês passado, mas a grande cerimônia de coroação para ele e sua esposa Camilla, que será coroada rainha, acontecerá em 2023.
“A coroação refletirá o papel do monarca hoje e olhará para o futuro, ao mesmo tempo em que está enraizado em tradições e pompa de longa data”, disse o palácio em comunicado.
A cerimônia, um evento solene e religioso que será conduzido pelo Arcebispo de Canterbury, o chefe espiritual da Comunhão Anglicana, geralmente ocorre vários meses após a ascensão do novo monarca.
Reis e rainhas da Inglaterra, e mais tarde da Grã-Bretanha e do Reino Unido, foram coroados na Abadia de Westminster desde Guilherme, o Conquistador, em 1066. Charles é o 41º monarca em uma linhagem que remonta a William, e ele será o monarca mais antigo ser coroado.
Sua mãe, que morreu aos 96 anos em sua casa de férias na Escócia, detém o recorde de reinado mais longo, com 70 anos.
Charles é rei e chefe de estado não apenas do Reino Unido, mas de 14 outras nações, incluindo Austrália, Canadá, Jamaica, Nova Zelândia e Papua Nova Guiné. As informações são das agências de notícias AFP e Reuters.