Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de agosto de 2016
Dois deputados investigados pela Operação Lava-Jato sob suspeita de receberem propina do esquema de desvios da Petrobras despertaram reação das autoridades por atrasarem as investigações que tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal).
Em um inquérito, o oficial de Justiça informou que não consegue localizar o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) para intimação. Em outro, os peritos da Polícia Federal informaram que o parlamentar Dudu da Fonte (PP-PE) não compareceu a um exame de voz.
No inquérito em que Aníbal já foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por suposto recebimento de R$ 3 milhões em propina, um oficial do STF informou ao ministro relator, Teori Zavascki, a “impossibilidade de localização do denunciado nesta Capital [Brasília]”, e por isso devolveu o mandado de citação sem cumprimento.
Expedido por Zavascki, o documento determinava que Aníbal apresentasse, em um prazo de 15 dias, resposta prévia à denúncia da PGR. O oficial explicou que a seção de Recursos Humanos da Câmara dos Deputados informou que o deputado estava afastado do exercício do cargo “para tratamento de saúde desde o mês de fevereiro”, só devendo retornar ao mandato em setembro.
Dias depois, os advogados de Aníbal informaram que o deputado estava em Fortaleza (CE) “por força das convenções partidárias” e “com o propósito de dar apoio às bases eleitorais”, com previsão de volta “entre os dias 10 e 12 de agosto”.
Zavascki determinou então “o cumprimento do mandado de notificação a partir da data indicada pelo investigado” de retorno a Brasília. Entre quarta-feira (10) e sexta-feira (12), contudo, Aníbal permaneceu no Ceará e não havia sido intimado até a conclusão desta reportagem. Seu advogado, Gustavo Souto, afirmou que ele volta na terça (16) e que já combinou com o oficial de Justiça do STF a notificação três dias depois. “Não existe nenhuma tentativa de não ser citado”, afirmou Souto.
Em outro inquérito, o INC (Instituto Nacional de Criminalística), vinculado à direção geral da PF, informou a Zavascki que, em junho, o deputado Dudu da Fonte “não compareceu neste instituto para realizar o procedimento de coleta de padrão de voz”. Os peritos explicaram que, a princípio, a coleta fora agendada para o dia 1º de junho no INC, a partir de uma requisição da Polícia Federal.
Um dia antes, porém, “o procurador do deputado”, não citado nominalmente, solicitou a alteração da coleta para o dia 21 de junho. Na data prevista, porém, Dudu da Fonte não apareceu. A coleta é necessária para ajudar a confirmar a autenticidade de um vídeo entregue aos investigadores da Lava-Jato pelo empresário Marcos Duarte Costa. (Folhapress)