Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de dezembro de 2015
Em sessão tensa do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados na quinta-feira, os colegas Zé Geraldo (PT-PA) e Wellington Roberto (PR-PB) partiram para a agressão física e verbal. O incidente, repleto de trocas de ofensas e empurrões, começou durante uma discussão sobre o painel de registro de presenças e acabou se agravando quando foi mencionado um requerimento para pedir o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Os envolvidos precisaram ser contidos por outros parlamentares e seguranças da Casa e a sessão chegou a ser suspensa por alguns minutos. Encerrada a confusão, o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) foi anunciado oficialmente como novo relator do processo contra Cunha, em substituição a Fausto Pinato (PRB-SP).
Já no início da reunião, aliados de Cunha haviam questionado a demora na abertura do painel. O deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) reclamou para o presidente do conselho, explicando que, como suplente, chegara cedo para garantir que conseguiria votar caso houvesse a ausência de algum titular. Pelas regras, os suplentes têm direito a voto pela ordem de chegada.
“Vossa excelência está querendo tumultuar o processo!”, reagiu José Carlos Araújo (PSD-BA). “Me respeite!”, retrucou Bacelar, iniciando uma sequência de ataques mútuos. Ele insistiu e deputados da base aliada o acusaram o grupo de Cunha de “promover bagunça”.
O clima ficou ainda mais tenso. No calor do bate-boca, Zé Geraldo (PT-PA) e Wellington Roberto (PR-PB) ensaiaram uma troca de tapas, que só não foi adiante porque entrou em cena “a turma do deixa-disso”. Mesmo contidos, a discussão prosseguiu.
Com a situação já mais calma minutos depois, Araújo pediu respeito aos colegas e informou que requisitará o vídeo da sessão para conferir o que aconteceu. “Este deve ser um local de palavra, conversa e diálogo, não um ringue para disputas corporais. Ninguém vai ganhar no grito”, ressaltou.
Semana tumultuada
A briga ocorreu um dia após outra reunião tumultuada, em que seria votado o parecer preliminar pela continuação das investigações sobre Cunha, mas que acabou não acontecendo e teve até a substituição do relator. A medida foi classificada de “golpe” pelo presidente do Conselho. Já Cunha disse que “golpe é o que vocês estão fazendo”.
Cunha é acusado de quebra de decoro parlamentar, por supostamente ter mentido à CPI da Petrobras, ao negar que manteinha contas secretas em bancos do exterior. Ele e seus aliados têm trocado farpas constantes com o presidente do Conselho. Araújo os acusa de manobrar para que os trabalhos atrasem. Já o grupo não vê isenção do deputado à frente do do colegiado.
Membro da “tropa de choque” de Cunha no conselho, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) já entrou com representação para questionar o uso do voto de minerva pelo presidente para desempatar votações. (AG)