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Colunistas Desafio no Face

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Quem diria! O Facebook virou arena de debates. Até aí, tudo bem. Muitos recorrem à plataforma pra discutir política, economia, entretenimento. Mas polemizar sobre crase constitui algo excepcional. Quase inacreditável. Ora, se o impossível acontece, por que não o excepcional?

Agar Stellita Vieira postou um texto com esta súplica: “Gente, por favor, justifiquem a crase no período a seguir. Eu afirmo que o acento não tem vez”. Palpites pintaram a torto e a direito. Alguns deram nota 10 ao grampinho. Outros, zero. Não faltou quem apostasse no tanto faz. O sinal seria facultativo. E daí?

O pomo da discórdia

Leitores, confusos, recorreram à coluna. Queriam saber qual a resposta correta. “Há uma fórmula capaz de dirimir a dúvida?” Há. Vamos a ela. Como diz o esquartejador, por partes.

Eis o texto em questão:

“Hoje estou um pouco desestimulada para dar continuidade ao combate à burrice e à falta de interesse sério das pessoas pela política, que no final determinará nosso destino como nação.”

Sem humilhação

Ferreira Gullar disse que a crase não foi feita pra humilhar ninguém. É verdade. Mas que dá nó nos miolos, isso dá. Como desatá-lo? É fácil como andar pra frente. São três passos.

Primeiro passo: desvendar o segredo do acentinho.

Crase é como aliança no dedo esquerdo. Avisa que estamos diante de ilustre senhora casada. A preposição a se encontra com outro a. Pode ser artigo ou pronome demonstrativo. Os dois se olham. O coração estremece. Aí, não dá outra. Juntam os trapinhos e viram um único ser:

Dirigiu-se à sala do diretor.

Dirigiu-se àquele fato referido no debate.

Segundo passo: descobrir se existem dois aa.

Para que a duplinha tenha vez, impõem-se duas condições. Uma: estar diante de uma palavra feminina. A outra: estar diante de um verbo, adjetivo ou advérbio que peçam a preposição a:

Vou à escola das crianças.

O verbo ir pede a preposição a (a gente vai a algum lugar).

O substantivo escola adora o artigo (a escola das crianças).

Resultado: a + a = à

***

João é fiel à namorada.

O adjetivo fiel reclama a preposição a (a gente é fiel a alguém ou a alguma coisa).

Namorada se usa com artigo (a namorada de João).

Resultado: a + a = à

***

Relativamente à questão proposta, nada posso informar.

O advérbio relativamente exige a preposição a (relativamente a alguém ou a alguma coisa).

Questão pede o artigo a (a questão ainda não tem resposta).

Resultado: a + a = à

***

Terceiro passo: recorrer ao macete.

Na dúvida, peça ajuda ao tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina. (Não precisa ser sinônima.) Se no troca-troca der ao, é crase na certa:

Vou à escola. Vou ao clube.

João é fiel à namorada. Carla é fiel ao namorado.

Relativamente à questão, nada posso fazer. Relativamente ao problema, nada posso fazer.

E daí?

Vamos aplicar o tira-teima aos dois casos apontados pela Stellita – substituir as palavras femininas por masculinas:

Hoje estou um pouco desestimulada para dar continuidade ao combate à burrice e à falta de interesse sério das pessoas pela política…

Hoje estou um pouco desestimulada para dar continuidade ao combate ao narcotráfico e ao desinteresse sério das pessoas pela política…

Moral da opereta

O tira-teima deu a resposta. Nota 10 para a crase.

Leitor pergunta

Pé-frio tem feminino? Tem plural? (Carlos Alberto, Niterói)

Pé-frio é pão-duro. Tem plural, mas poupa no feminino: Ele é pé-frio. Ela é pé-frio. Eles são pés-frios. Elas são pés-frios.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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