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DESCE O PANO

Na Quarta-Feira de Cinzas de 1966, Vinicius de Moraes escreveu em sua coluna do jornal Última Hora, do Rio de Janeiro:

“E hoje recomeça o cotidiano, o trabalho, a rotina. Ah, os processos… A vida humana transformada em maços: protocolada, despachada, arquivada. Cumpra-se, deferido, indeferido, ao conhecimento do Sr. Diretor. Que melancolia…”

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Vinícius de Moraes e Carlos Lyra compuseram, em 1963, Marcha de Quarta-Feira de Cinzas.

Lyra, Vinícius e Jorge Goulart gravaram em 1963; Nara Leão em 1964; Dalva de Oliveira em 1968 e Demônios da Garoa em 1973.

Eis a letra:

Acabou nosso Carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou.

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor.

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade.

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Em 1965, Chico Buarque compôs Sonho de Carnaval. Inscrita no Primeiro Festival de Música Popular Brasileira, da extinta TV Excelsior, foi interpretada por Geraldo Vandré e ficou em sexto lugar.

Além de Chico, foi gravada por Aracy de Almeida, Paulinho da Viola e Paulinho Nogueira.

A letra:

Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta feira sempre desce o pano.

Carnaval, desengano
Essa morena me deixou sonhando
Mão na mão, pé no chão
E hoje nem lembra não
Quarta feira sempre desce o pano.

Era uma canção, um só cordão
E uma vontade
De tomar a mão
De cada irmão pela cidade.

No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança.

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Reprise na Quarta-Feira de Cinzas a 29 de fevereiro de 2017.

 

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