Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 1 de maio de 2016
Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um objeto rochoso único que parece ser constituído por matéria do Sistema Solar, há 4,6 milhões de anos. As observações feitas pelos astrônomos indicam que se trata de um corpo rochoso antigo e não de um asteroide contemporâneo que se afastou.
Sendo assim, é um dos potenciais blocos constituintes dos planetas rochosos como a Terra, que foi expelido para fora do Sistema Solar e preservado em congelamento profundo na Nuvem de Oort durante milhões de anos.
A Nuvem de Oort é uma região enorme que rodeia o Sol, uma espessa bolha de sabão gigante, nos confins do Sistema Solar. Estima-se que contenha bilhões de pequenos corpos gelados. Ocasionalmente, um desses corpos é empurrado para dentro do Sistema Solar, onde o calor do Sol o transforma em um cometa. Pensa-se que esses corpos gelados tenham sido ejectados a partir da região dos planetas gigantes gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno), quando esses estavam se formando, nos primeiros tempos do Sistema Solar.
O C/2014 S3 (Panstarrs), um cometa rochoso sem cauda, recebeu o nome de cometa Manx. As observações foram obtidas com o supertelescópio terrestre VLT (Very Large Telescope) do ESO (Observatório Europeu do Sul), no Chile, e é o primeiro objeto a ser descoberto em uma órbita cometária de longo período, com as características imaculadas de um asteroide do Sistema Solar. O seu estudo pode dar pistas importantes sobre a formação do Sistema Solar.
Karen Meech, investigadora do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí (EUA) e principal autora do artigo científico sobre a descoberta, publicado na revista Science Advances, explica que “conhecemos a existência de muitos asteroides, no entanto todos eles estão já ‘cozinhados’ pelos milhões de anos que passaram perto do Sol. Esse é o primeiro asteroide ‘cru’ que observamos, tendo sido preservado no melhor congelador que existe”, isso é, a Nuvem de Oort.
O Panstarrs foi originalmente identificado como sendo um tênue cometa ativo, quando estava um pouco mais afastado do que duas vezes a distância da Terra ao Sol. O seu atual período orbital longo (cerca de 860 anos) sugere que a sua fonte será a Nuvem de Oort e que terá sido empurrado relativamente há pouco tempo para uma órbita que o traz próximo do Sol.
Os astrônomos concluem que esse objeto é provavelmente constituído por material de dentro do Sistema Solar que esteve guardado durante muito tempo na Nuvem de Oort e que agora encontrou o seu caminho de volta.
“Descobrimos o primeiro cometa rochoso e estamos à procura de outros. Dependendo de quantos encontrarmos, saberemos se os planetas gigantes ‘dançaram’ ao longo do Sistema Solar quando eram jovens, ou se cresceram pacatamente sem grandes deslocações”, disse Olivier Hainaut, investigador do ESO. A equipe internacional que fez a descoberta é composta por astrônomos dos Estados Unidos, Chile, Alemanha, Itália e França.