Sexta-feira, 06 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de novembro de 2024
O consumo de café tem sido associado a uma série de benefícios, que vão desde a prevenção da diabetes até da doença de Parkinson. Por outro lado, o excesso pode trazer graves prejuízos à saúde.
Um novo estudo mostrou que beber regularmente mais de quatro xícaras de café por dia pode aumentar o risco de doenças cardíacas. De acordo com pesquisadores do Zydus Medical College and Hospital, na Índia, ingerir mais de 400 mg de cafeína diariamente aumenta a frequência cardíaca e à pressão arterial, o que pode aumentar o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) ou insuficiência cardíaca.
Essa quantidade equivale a quatro xícaras de café coado, que geralmente leva 100 mg de cafeína, ou duas bebidas energéticas.
“O consumo regular de cafeína pode perturbar o sistema parassimpático, levando ao aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos”, explica Nency Kagathara, pesquisadora principal do estudo, em comunicado.
O estudo, apresentado na conferência ACC Asia 2024, analisou 92 pessoas saudáveis com idades entre 18 e 45 anos. Os pesquisadores mediram a pressão arterial e a frequência cardíaca antes e depois de um simples teste de exercício cardiovascular de três minutos.
Eles também registraram informações sobre seus dados demográficos e uso de cafeína – incluindo se gostavam de café, chá ou refrigerantes. Quase um em cada cinco participantes (19,6%) bebia mais de 400 mg de cafeína por dia. Essas pessoas apresentavam alterações significativas no seu sistema nervoso autônomo: elas tiveram uma probabilidade significativamente maior de ter aumentado a pressão arterial e a frequência cardíaca em geral, após completarem a sessão de cardio.
Este sistema controla funções corporais involuntárias, como frequência cardíaca e pressão arterial. Com o tempo, essas alterações podem levar a um risco aumentado de hipertensão e outros problemas cardíacos. Os efeitos foram ainda mais pronunciados naqueles que consumiram mais de 600 mg de cafeína diariamente.
A equipe acredita que o efeito da cafeína no aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial causa desgaste nos vasos sanguíneos e no coração, enfraquecendo-os e danificando-os.
“Devido ao seu efeito no sistema nervoso autônomo, o consumo regular de cafeína pode colocar indivíduos saudáveis em risco de hipertensão e outros eventos cardiovasculares”, diz a médica. “Aumentar a conscientização sobre esses riscos é vital para melhorar a saúde cardíaca de todos.”
O estudo descobriu que mulheres, pessoas que trabalham em cargos empresariais e de gestão e os residentes urbanos eram os principais consumidores de cafeína. Longas horas de trabalho, ambientes de elevado stress e fácil acesso a bebidas com cafeína podem contribuir para um maior consumo.
A cafeína é a droga mais usada no mundo. Ela age bloqueando temporariamente os receptores no cérebro que regulam o sono, a memória, a atenção e o aprendizado. Isso aumenta o fluxo de oxigênio para o cérebro, acelera a frequência cardíaca e melhora a concentração, que juntos podem ajudá-lo a se sentir mais acordado e concentrado.
Diversas evidências apoiam a ideia de que beber bebidas com cafeína com moderação pode fazer bem à saúde. Os benefícios incluem: contribui para o bom funcionamento do intestino, melhora o desempenho de exercícios físicos, reduz o risco de derrame e outras doenças como Parkinson, ajuda na queima de gordura e auxilia na performance cerebral e melhora o humor.
Por outro lado, a cafeína também pode causar aumento da pressão arterial. Em grandes quantidades, os efeitos colaterais incluem dor de cabeça, náusea, ansiedade, nervosismo, aumento da temperatura corporal e rosto ruborizado. Em altíssimas quantidades – mais de 5.000 mg – pode ser fatal.
Para determinados grupos, como crianças e gestantes, a bebida pode fazer mal. A nova orientação da Academia Americana de Pediatria (AAP) determina que o café não seja consumido por menores de 12 anos. Já gestantes e lactantes podem ingerir, no máximo, 200 mg, ou duas xícaras de café coado.
Para aqueles que são sensíveis à cafeína, ou seja, que com pouca quantidade já sentem um efeito exacerbado, o ideal é que a ingestão também não ultrapasse 200 mg por dia. Já pessoas com hipertensão, devem tomar apenas uma xícara de café por dia para evitar o aumento do risco de problemas cardiovasculares.