Domingo, 07 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de dezembro de 2025
Milhares de pessoas aderiram com entusiasmo à tendência de usar pasta de dente com carvão ativado, atraídos pela promessa de dentes mais brancos sem precisar ir ao dentista. No entanto, especialistas alertam que esses produtos, longe de melhorarem a estética dental, podem estar causando danos significativos à saúde bucal.
O dentista Alejandro Hoyos, especialista em odontologia estética, afirma que a popularidade desses cremes levou a um aumento nas consultas por problemas de sensibilidade e cáries.
“Os pacientes chegam ao meu consultório com duas queixas simultâneas: dentes amarelados e sensibilidade severa. Em muitos casos, ambas as condições são resultado direto do uso de cremes com carvão ativado”, explica.
Evidências científicas corroboram essas preocupações. Estudos recentes demonstraram que o carvão ativado tem um efeito limitado no clareamento dental. Comparado a substâncias utilizadas em tratamentos profissionais, como a ureia ou o peróxido de hidrogênio, seus resultados são mínimos. Mais preocupante ainda é o fato de que, até o momento, nenhum creme dental contendo carvão ativado foi aprovado pela Associação Dental Americana (ADA), organização que certifica a segurança e a eficácia de materiais odontológicos.
O problema não termina com a falta de eficácia. A abrasão que o carvão ativado produz no esmalte dentário é significativa e pode levar a problemas mais sérios.
“O carvão ativado é altamente abrasivo, especialmente quando combinado com técnicas convencionais de escovação. Isso não só causa sensibilidade, como também pode agravar a retração gengival e a erosão dentária pré-existentes”, afirma Hoyos.
Para pacientes com retração gengival, uma condição que expõe o tecido cementário, o uso desses cremes pode ser particularmente prejudicial, aumentando o desconforto em resposta a mudanças de temperatura e causando dor.
Hoyos também alerta para a facilidade com que esses produtos são encontrados no mercado.
“Eles são vendidos livremente, sem levar em consideração que algumas pessoas são mais suscetíveis a problemas sérios. Para quem já sofre de sensibilidade, a primeira coisa que fazemos é suspender o uso do creme de carvão ativado e substituí-lo por um produto mais adequado”, afirma.
Apesar dos alertas de dentistas, a tendência do carvão ativado cresceu, impulsionada pelo marketing. A percepção de uma solução rápida e eficaz prevaleceu sobre as evidências científicas, levando muitos consumidores a confiar em resultados que são quase imperceptíveis na prática.
“Os comerciais mostram sorrisos mais brancos, mas os resultados reais desses cremes não chegam nem perto do que a publicidade promete”, acrescenta o especialista.
Comparado aos tratamentos profissionais, a diferença é clara. Os procedimentos realizados por dentistas com óxido de carbamida ou peróxido de hidrogênio garantem resultados visíveis e duradouros, desde que os protocolos adequados sejam seguidos. O carvão ativado, por outro lado, oferece benefícios estéticos limitados e representa um risco considerável para a saúde bucal.
Existem maneiras menos arriscadas de usá-lo. De acordo com Hoyos, o carvão ativado pode ser aplicado topicamente por cerca de 20 minutos sem esfregar, o que pode ajudar a clarear os dentes em certa medida. No entanto, o especialista enfatiza que, para obter resultados significativos, é sempre preferível consultar um profissional da odontologia.
Para quem busca fazer escolhas de produtos informadas, Hoyos recomenda verificar dois critérios principais: o tamanho das partículas de carvão, que não deve exceder 20 micrômetros para evitar danos ao esmalte, e a certificação do produto pelo FDA ou ADA, que garante tanto a segurança quanto a eficácia real.