Sábado, 15 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2018
Ao menos dois doleiros presos no Uruguai nessa quinta-feira na operação “Câmbio, Desligo” deflagrada pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela PF (Polícia Federal), em desdobramento da Operação Lava-Jato, atuaram no passado para o grupo empresarial JBS/Friboi. A informação é de procuradores que estão à frente das investigações.
De acordo com as investigações da força-tarefa, os doleiros identificados como Francisco Muñoz e Raul Pegazzano operaram recursos ilegais em nome do conglomerado do segmento frigorífico. A dupla também participou do esquema de lavagem de dinheiro liderado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (2007-2014).
“A operação dessa quinta-feira foi realizada em parceria com as autoridades do país vizinho, onde houve três presos, sendo que dois deles, Paco Muñoz e Raul, operavam também para a JBS/Friboi”, declarou o procurador da República Eduardo El Hage em entrevista coletiva.
“O Uruguai era considerado um paraíso fiscal, permitia a operação de off-shores, mas houve mudança na legislação do país e uma atuação mais combativa nos últimos tempos”, acrescentou.
Procurada pela imprensa, a JBS/Friboi afirmou em nota que “todo o conhecimento dos colaboradores da J&F [holding que controla o grupo empresarial dos irmãos Joesley e Wesley Batista] referente aos doleiros citados na Operação ‘Câmbio, Desligo’ foi apresentado no acordo de colaboração premiada firmado com a Procuradoria-Geral da República. Os colaboradores reforçam que seguem à disposição da Justiça como sempre estiveram”.
A operação deflagrada na manhã dessa quinta-feira se baseou nas delações de dois doleiros que atuaram no esquema de Sérgio Cabral, preso desde novembro de 2016 pela Lava-Jato e que já foi condenado em diversas ações por desvios de centenas de milhões de dólares dos cofres do Estado fluminense por meio do amplo esquema de corrupção que comandou durante a sua gestão.
Os doleiros Vinícius Claret, conhecido como “Juca Bala”, e “Cláudio Barbosa”, o Tony, ficaram presos por um ano e dois meses e foram soltos nessa quinta-feira, como parte do acordo de colaboração. Conforme o MPF, no entanto,eles ainda vão cumprir medidas restritivas, não especificadas.
Na operação “Câmbio, Desligo” foram expedidos ao todo 53 mandados de prisão contra doleiros que operavam os recursos ilícitos do grupo de Cabral, além de outros envolvidos no esquema.
“A operação abre porta para entrarmos num universo desconhecido. Entramos numa primeira camada, mas há outras camadas… podem ter outros políticos, outros empresários envolvidos, exportadores, tráfico de drogas e armas. Vamos nos esforçar para chegar lá“, disse o procurador federal Rodrigo Timóteo.