Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de julho de 2022
Os ucranianos afirmam que precisam de envios mais velozes de sistemas de artilharia de longo alcance e outros armamentos sofisticados para afrontar o avanço constante da Rússia. Os Estados Unidos e os europeus insistem que mais armas estão a caminho, mas temem enviar equipamento demais antes que os ucranianos possam ser treinados para usá-los. O Pentágono está preocupado com a possibilidade de esgotar seus arsenais nos próximos meses.
O governo americano de Joe Biden e seus aliados estão com dificuldades para equilibrar prioridades em função das demandas de Kiev, no mesmo momento em que as forças russas intensificam seus bombardeios contra cidades e vilarejos de todo o leste ucraniano, de acordo com diplomatas americanos e de outros países ocidentais, oficiais militares e parlamentares.
As autoridades americanas afirmam que a Ucrânia poderia organizar um contra-ataque e tomar de volta parte do território – mas não todo – que perdeu se for capaz de continuar a impingir baixas entre as forças russas até que as novas armas possam chegar do Ocidente, mas algumas autoridades temem que retirar das linhas de frente muitos especialistas em artilharia ucranianos por semanas para o treinamento com os novos armamentos possa enfraquecer as defesas ucranianas, acelerar os ganhos da Rússia e dificultar qualquer contra-ataque no futuro.
“Não há boas escolhas em uma situação como esta”, afirmou o senador Jack Reed, democrata de Rhode Island, que preside a Comissão de Serviços Armados. “É necessário retirar os melhores oficiais de artilharia e conscritos e enviá-los para uma semana ou duas de treinamento. Mas no longo prazo, acho que esta é provavelmente a estratégia correta.”
Adicionalmente, autoridades do Pentágono expressaram preocupações a respeito desse esforço prejudicar a capacidade de combate dos EUA, caso a guerra continue pelos próximos meses ou além. Depois de duas décadas dando apoio principalmente a missões de contraterrorismo, a indústria da defesa nos EUA parou em grande medida de fabricar o tipo de armamento que a Ucrânia precisará para sobreviver a uma longa guerra de desgaste. Os EUA aprovaram US$ 54 bilhões em ajuda militar, econômica e humanitária para a Ucrânia e enviaram o equivalente a mais de US$ 7 bilhões em armamentos retirados dos arsenais do Pentágono.
Os urgentes pedidos da Ucrânia chegam em um momento em que os EUA parecem estar acessando os armamentos mais sofisticados que são capazes de fornecer. Os próximos carregamentos deverão incluir veículos lançadores de foguetes HIMARS, mísseis antinavios Harpoon e projéteis de obuses Excalibur, guiados e de precisão. Mas os caças de combate e os avançados drones armados que estavam na lista de pedidos da Ucrânia ficaram guardados por enquanto, por serem considerados uma provocação grande demais a Moscou ou pelo tempo que requerem para os ucranianos aprenderem a usá-los.
A guerra de quase cinco meses está em um momento crítico, afirmam autoridades americanas e outras fontes familiarizadas com informações de inteligência. Entre 100 e 200 soldados ucranianos morrem diariamente desde que a Rússia mudou o foco de sua campanha militar, na primavera, para o leste da Ucrânia.
Mas cerca de 20 mil soldados russos foram mortos, e ferimentos tiraram de combate outros 60 mil russos. Cerca da metade do equipamento militar da Rússia foi destruída na guerra, de acordo com autoridades ocidentais e várias fontes que falaram sob condição de anonimato para discutir informações sensíveis.
Para repor seu Exército, a Rússia teria de mobilizar uma fatia maior da população por meio de uma declaração de guerra – oficialmente, no país, o conflito continua uma “operação militar especial” – ou mobilizando para a Ucrânia tropas e equipamentos estacionados no Extremo Norte ou no Extremo Oriente.
O fato do presidente Vladimir Putin estar hesitando em adotar qualquer dessas manobras é sinal de que ele acredita que o tempo joga ao seu favor, afirmam autoridades. Em vez disso, o Kremlin está tentando suprir sua falta de soldados com uma combinação heterogênea entre ucranianos dos territórios separatistas, mercenários, unidades militarizadas da Guarda Nacional e a promessa de grandes recompensas em dinheiro para voluntários.
Putin também pode pensar que o apoio do Ocidente à Ucrânia logo atingirá seu limite, conforme americanos e europeus ficam cada vez mais ansiosos a respeito dos preços da energia, que foram às alturas desde que a guerra começou.
Um sinal da atual estratégia de Putin, de acordo com fontes familiarizadas com relatórios de inteligência sobre sua campanha militar, é que o Kremlin não está mais pressionando por rápidos ganhos em batalha como durante seu esforço para capturar Kiev, a capital ucraniana. Putin reformulou seu comando militar em campo na Ucrânia novamente nas semanas recentes, e autoridades americanas afirmaram seu compasso mudou para táticas vagarosas e excruciantes, cujo desdobramento o Kremlin parece satisfeito em permitir.