Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2025
A despeito das pressões do governo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou esta semana a manutenção da taxa básica de juros em 15% e repetiu, em comunicado, a sinalização de que a Selic deve ficar nesse patamar por “período bastante prolongado”. A decisão foi unânime.
Em relação ao comunicado divulgado em setembro, o Copom afirmou, pela primeira vez, que considera o nível atual dos juros “suficiente” para alcançar a meta de inflação de 3%. Ao mesmo tempo, o colegiado manteve a indefinição sobre o início do corte de juros.
“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, disse o colegiado. “O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.”
Foi a terceira reunião consecutiva em que a autarquia manteve o patamar da Selic. De setembro de 2024 até a reunião de junho deste ano, o BC aumentou a taxa em 4,50 pontos porcentuais, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos – só perde para o avanço de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, após o fim da pandemia.
A decisão contraria o coro do governo pela redução da Selic. Na sexta-feira passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que indicou o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo – disse que o Brasil tem “um problema com a taxa de juros”.
Na terça-feira, foi a vez de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entrar no assunto. O ministro afirmou que, se fosse diretor do BC, votaria pela queda dos juros. Ele também sugeriu que a manutenção dos juros elevados seria fruto de pressão dos bancos, que ganham com a cobrança de taxas mais altas nos empréstimos. Ontem, ainda antes do anúncio do Copom, o ministro voltou ao tema, ao reclamar que debater juros virou um “tabu”.
A frase do ministro sobre os bancos foi rebatida ontem pelo CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho. “É uma percepção equivocada, que já esclarecemos inúmeras vezes, de que os bancos preferem juros maiores”, afirmou ele. “No fundo, juros baixos são estruturalmente bons para todos. É nesse cenário que os bancos crescem mais.”
O comunicado consolidou no mercado avaliação de que o corte de juros só virá em 2026. Instituições como XP, SulAmérica, PicPay e Armor Capital projetam o início do processo de flexibilização da política monetária para março do próximo ano. “O BC avisa que os juros não vão cair em dezembro ( data da próxima reunião do colegiado), e joga o início dos cortes para o ano que vem”, escreveu a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese. Com informações do portal Estadão.