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Ciência Destroços espaciais oferecem indícios do futuro do nosso planeta

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Ilustração de artista mostra o recém-descoberto fragmento de um antigo planeta orbitando uma anã branca em resfriamento. (Foto: Mark Garlick/Universidade de Warwick)

Em um fragmento de arqueologia galáctica que oferece um vislumbre pouco convidativo do nosso próprio futuro, os astrônomos descobriram um pedaço de um antigo planeta orbitando os restos de sua antiga estrela, agora transformada em uma brasa incandescente chamada anã branca.

O fragmento, composto principalmente de ferro, níquel e outros metais, fica a 410 anos-luz da Terra, na constelação de Virgem. Pode ter diâmetro entre um quilômetro ou centenas de quilômetros, mas, para ser denso o bastante a ponto de sobreviver à explosiva morte e subsequente evolução da estrela de seu sistema, é provável que tenha sido parte de um planeta de órbita mais distante. Agora, ele orbita a anã branca a uma distância tão próxima que completa uma volta em torno dela a cada 123 minutos.

“O fato de termos descoberto um corpo celeste que completa sua órbita em duas horas é evidência clara da capacidade de um planeta de sobreviver a este processo destrutivo”, disse o físico Christopher Manser, da Universidade de Warwick, na Inglaterra, líder de uma equipe internacional que publicou recentemente seus resultados na revista Science.

Uma anã branca é o produto final de uma estrela grande como nosso Sol, ou até maior, quando seu combustível se esgota, a reação se encerra e ela encolhe para uma brasa densa mais ou menos do tamanho da Terra. O universo está repleto dessas lápides densas em fase de resfriamento.

Mas, no processo da sua morte, essas estrelas incham e se transformam nas chamadas gigantes vermelhas, englobando e destruindo seus planetas mais próximos. Quando nosso Sol passar por esse processo, em questão de cinco ou seis bilhões de anos, tudo será incinerado até a órbita de Marte, provavelmente perturbando as órbitas dos planetas mais distantes. Diante de tal evento, não há qualquer chance de sobrevivência para a vida neste planeta, e não sabemos se o objeto atualmente conhecido como Terra vai resistir ou se será engolido e arrasado.

O novo fragmento planetário descoberto fica a uma distância de apenas 515 mil quilômetros da anã branca. É uma distância bem inferior ao raio imaginado da estrela original, e muito mais próxima do que o ponto limite em que os astrônomos esperavam encontrar objetos sólidos. “Assim, se o Sol estivesse posicionado onde está a anã branca, a órbita do fragmento de planeta estaria dentro da estrela”, disse Manser.

De acordo com Manser, estima-se que a estrela original tivesse aproximadamente o dobro da massa do Sol, e teria explodido há cerca de 100 milhões de anos.

Com seu colega Boris Gänsicke, também da Universidade de Warwick, Manser vem estudando o anel em torno da anã branca conhecida como SDSS J122859.93+10432.9. Trata-se de uma das poucas anãs brancas conhecidas observadas com anéis de destroços em sua órbita.

Em meio aos destroços que a orbitam, os cientistas repararam em um objeto sólido que emite um rastro de gás semelhante ao de um cometa. O objeto, um denso pedaço de metal, era provavelmente um resquício de um planeta, explicou Gänsicke. “Se a hipótese estiver correta, o objeto original teria no mínimo algumas centenas de quilômetros de diâmetro”.

Este é apenas o segundo fragmento sólido de um planeta encontrado orbitando uma anã branca. E é a primeira vez que um objeto desse tipo é identificado via espectroscópio, pela análise da luz emitida pelo gás da sua “cauda”.

Foi uma surpresa, disse Manser. Acreditava-se que anéis de destroços desse tipo seriam os restos de um corpo celeste pequeno, como um asteroide ou cometa, que tivesse se aproximado da anã branca e sido destruído pelas forças gravitacionais. De acordo com o pesquisador, o fragmento recém-encontrado teria de ser composto por um metal sólido, possivelmente o ferro, para suportar essas forças. Mas, agora, ele orbita a anã branca a uma distância demasiadamente próxima para a existência da vida como a conhecemos.

E não há notícias melhores no restante dos arredores da anã branca. É possível a existência de outros planetas, em uma órbita mais distante, mas a estrela é hoje fraca demais para que sua radiação sustente formas de vida a essa distância. “É improvável que o sistema seja habitável”, disse Manser.

A descoberta pode render mais hipóteses a respeito do tipo de corpo celeste do qual o fragmento fez parte, a ponto de suportar o abraço de fogo de uma estrela em expansão. Se um fragmento é capaz de suportar a fornalha de uma estrela, talvez o mesmo seja possível em nosso planeta, ainda que sob a forma de resquícios em uma superfície muito dura.

“Estamos confiantes na descoberta de outros fragmentos planetários orbitando anãs brancas, que nos permitirão aprender mais a respeito de suas propriedades gerais”, disse Manser.

 

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https://www.osul.com.br/destrocos-espaciais-oferecem-indicios-do-futuro-do-nosso-planeta/ Destroços espaciais oferecem indícios do futuro do nosso planeta 2019-04-18
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