A 15 de julho de 2005, o tesoureiro Delúbio Soares declarou de forma espontânea ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que “todas as campanhas do PT foram financiadas por meio do caixa dois”, isentando apenas o presidente Lula. Disse também que boa parte do dinheiro veio por meio de empréstimos feitos pelo publicitário Marcos Valério de Souza, repassador dos recursos.
Foi a primeira vez que se tornou pública uma situação ilegal que já era conhecida nos bastidores. A partir daí, inquéritos foram abertos e processos julgados. Delúbio e Valério acabaram condenados. Desde então, as medidas para corrigir foram extremamente lentas. Apenas agora, os parlamentares tentam fixar um limite para os gastos das campanhas eleitorais na minirreforma que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, empurra. Ao mesmo tempo, avaliam a possibilidade da redução de 45 para 30 dias o período de propaganda eleitoral em rádio e TV, cuja produção é muito cara e exige a busca de financiadores. Quem oferece dinheiro fica à espera da cobrança com juros e correção monetária em caso de vitória nas urnas. É a rotina que se estende a quase todos os partidos.
Dez anos foi um tempo extremamente longo para começar a buscar mudanças. Tempo perdido durante o qual o dinheiro público se esvaiu, como continua, pelo ralo.
