Começou pela manhã com o incêndio simultâneo de sete ônibus nas avenidas mais movimentadas para provocar pânico na população e mostrar quem manda no Rio de Janeiro. Não é mais o poder público. A ex-Cidade Maravilhosa e hoje Cidade Lixo está tomada por criminosos que atacam em qualquer lugar.
À tarde, outras surpresas e choques. Por mais fundamentados que tenham sido os argumentos dos competentes advogados de defesa de José Dirceu, grande parte da opinião pública recebeu indignada a sua liberação. A permanência do ex-ministro da Casa Civil na prisão era uma espécie de símbolo de que o País estava sendo passado a limpo.
O voto decisivo fez irromper um choque inesperado. O ministro Gilmar Mendes atacou o Ministério Público Federal, classificando seus integrantes como “jovens sem experiência institucional”. A resposta dos procuradores veio rápida: “A decisão do Supremo representa a destruição lenta de uma investigação séria”.
Neste confronto, os esperançosos de uma nova fase na vida pública, livre da corrupção, fica ao lado do Ministério Público Federal, que não entendeu o tratamento diferenciado.
Mudou
O espectro se ampliou, batendo recordes. Há corruptos moderados, de esquerda, de centro, governistas, de oposição, liberais e de direita.
Versões fantasiosas
Há um antigo recurso usado por governos quando não andam bem: divulgam estatísticas para comprovar o contrário do que os fatos evidenciam. Querem tapar o sol com a peneira e não conseguem. Nestas ocasiões, a prudência manda desconfiar.
É preciso reclamar
Burocracia é um termo pejorativo. Expressa-se como uma estrutura redundante, desnecessária, lenta e pesada. Faz da administração pública um fim em si mesma. Tentativas para criar uma espécie de lei de redução dos entraves não foram adiante. Para cada novo carimbo, é preciso perguntar: qual o objetivo? Qual a relação custo-benefício? Na grande maioria das vezes, a resposta é nenhum.
O que fazer
Simplificar para agilizar na gestão pública não pode ser considerada exigência demasiada. Alguma comissão da Assembleia Legislativa poderia calcular o custo da burocracia que leva a desperdícios com os quais a população gaúcha, que paga impostos, não aceita mais conviver.
Custo alto
É caro e sai do nosso bolso sustentar o fisiologismo do Congresso para que permaneça dócil.
Causa dos tropeços
Entender é difícil, mas desconfiar fica bastante fácil. A frase caracteriza o que acontece com o projeto da reforma da Previdência Social. O governo não sabe explicar.
Promessa fácil
Há seis anos, vendiam a ideia de um trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro com o custo de 50 bilhões de reais. Não apareceu dinheiro nem para o projeto.
Indispensável
O acesso da sociedade ao que se passa nas finanças será sempre o parâmetro para separar boas gestões de governos imprestáveis.
Diferença
A maioria da população é acometida de insônia quando uma prestação vencerá no dia seguinte e falta dinheiro. Não é o que acontece com os governos: devem, não negam, não pagam e dormem muito bem. Os precatórios demonstram.
Há um ano
A 3 de maio de 2016, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal sob acusação de obstrução de Justiça.
Caindo fora
Ao ser sondado para concorrer a deputado estadual, pequeno empresário recusou, porque não sairia em busca de dinheiro para campanha. Encerrou a conversa: “Bom é ter amigos, ruim é precisar deles”.