Segunda-feira, 16 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 15 de junho de 2025
Petistas e integrantes do Palácio do Planalto afirmam que vão trabalhar para que União Brasil, PP, Republicanos, PSD e MDB fiquem neutros nas eleições de 2026, ou seja, não apoiem formalmente a candidatura do campo bolsonarista. A ideia é também investir no apoio regional de lideranças desses partidos, caso alguns deles coliguem, formalmente, com um candidato adversário de Lula.
Esses cinco partidos controlam 11 ministérios e são cruciais para a manutenção da governabilidade de Lula no Congresso Nacional, tendo em vista o caráter minoritário da esquerda na Câmara e no Senado.
Até pouco tempo, havia uma movimentação de bastidores principalmente no MDB e no PSD para ocupar a vice na possível chapa de Lula à reeleição, mas hoje esse cenário é visto como pouco provável não só nessas siglas, mas no governo e no PT.
Os ventos mudaram, pelo menos por ora, em decorrência da deterioração da popularidade presidencial e do esgarçamento da relação com o Congresso em meio às crises do Pix, do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e, mais recentemente, do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (12), mostrou que o movimento de recuperação na avaliação de Lula foi interrompido. Segundo o instituto, reprovam o petista 40%, ante 28% que o aprovam —mantendo, em relação ao índice de ruim ou péssimo, o pior patamar dos três mandatos do político.
De acordo com aliados do presidente, se não houver uma recuperação da popularidade, a neutralidade dos cinco partidos aliados, ou de parte deles, já será um bom resultado para o governo.
A ideia, nesse caso, é repetir em linhas gerais o que ocorreu no segundo turno da campanha de 2022, quando Lula enfrentou o então titular do cargo, Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, nenhuma das cinco legendas apoiou formalmente o PT —duas delas, PP e Republicanos, estavam, inclusive, na chapa de Bolsonaro—, mas Lula contou com o trabalho de alas das legendas.
Uma das mais simbólicas, por exemplo, foi a adesão da hoje ministra Simone Tebet (Planejamento), que disputou o primeiro turno pelo MDB e ficou em terceiro lugar, com 4,16% dos votos válidos.
Hoje o cenário vem se repetindo. Apesar de os cinco partidos manifestarem em muitos casos oposição ao governo, alas dessas siglas permanecem fieis ao PT e devem integrar o palanque de Lula seja qual for a decisão formal de suas respectivas legendas.
No MDB, por exemplo, os grupos políticos ligados a Tebet, ao governador Helder Barbalho (PA) e ao senador Renan Calheiros (AL) tendem a ficar ao lado do petista seja qual for a decisão formal do partido.
O PT dá como certo que, no Republicanos, o atual ministro Silvio Costa Filho (Portos) também estará com Lula.
O ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), do PSD, já disse publicamente que estará na linha de frente da candidatura do petista à reeleição. Governistas também apostam no apoio de outros quadros do PSD, como o do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), considerado por Lula como o candidato ideal para governo de Minas Gerais, do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, do senador Otto Alencar (BA) e do líder do partido na Câmara, Antonio Brito (BA).
No PP, além do ministro André Fufuca (MA), governistas falam no ex-presidente da Câmara Arthur Lira (AL). Apesar de o parlamentar tecer duras críticas ao Executivo, ele é um dos integrantes do PP que rechaça ruptura com o Palácio do Planalto neste momento.
Até no partido mais infiel da base, o União Brasil, o governo espera angariar apoio que perdure até o palanque. O principal deles é o do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), principal base da manutenção da sigla no governo.
O ministro Celso Sabino (Turismo), deputado federal licenciado do União Brasil, já deu declarações públicas de que trabalhará pelo apoio do partido a Lula em 2026. O ex-ministro Juscelino Filho (MA) também é visto como um aliado dentro da sigla.
De acordo com relatos, Sabino tem atuado nos bastidores para tentar aproximar a cúpula de seu partido de Lula. Nessa semana, se reuniu com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e discutiu, entre outras coisas, a possibilidade de um encontro entre o petista e o presidente do União Brasil, Antonio Rueda. Se isso ocorrer, será o primeiro encontro de Lula e Rueda desde que este assumiu a presidência da sigla.
A possibilidade de reuniões entre Lula e presidentes de partidos da base aliada vem sendo discutida por integrantes do Palácio do Planalto há alguns meses. Se antes isso era aventado para tratar da propagada reforma ministerial, a ideia, agora, é que essas conversas ocorram tendo como pano de fundo o pleito de 2026. Com informações da Folha de S. Paulo.