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Por Redação O Sul | 26 de abril de 2018
A ex-presidenta Dilma Rousseff (2011-2016) afirmou que o ex-ministro Antonio Palocci mentiu em depoimentos para que a sua delação premiada fosse aceita pela PF (Polícia Federal). Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, a petista acusou o ex-colega de produzir “peças de ficção” ao mencionar reuniões em que teria sido discutidas propinas.
Em setembro do ano passado, Palocci disse ao juiz federal Sérgio Moro ter participado, em 2010, de um encontro no Palácio do Alvorada no qual também estavam Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o então presidente da Petrobras Sergio Gabrielli. No encontro, teria sido discutido um financiamento de campanha. “Essa reunião nunca existiu”, rebateu ela.
Ainda segundo Dilma, Palocci tenta “agradar aos investigadores” com sua delação para conseguir deixar a cadeia. Ele está preso em Curitiba (PR) desde setembro de 2016. “A submissão da verdade ao capricho de investigadores obedece à mesma lógica dos inquisidores que cometiam abusos, sobretudo físicos, nos presos, em outros tristes tempos, para arrancar confissões”, diz o texto.
A nota na íntegra
“1. O senhor Antonio Palocci volta a mentir ao dizer que teria participado de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, ocorrida em meados de 2010, no Palácio da Alvorada, para falar de financiamento de campanha. Essa reunião nunca existiu.
2. Como a própria Dilma Rousseff já havia apontado, em setembro passado, o senhor Antonio Palocci falta com a verdade. A tal reunião e outros encontros mencionados pelo jornal para tratar de acertos de propinas ou de “contratos do pré-sal” jamais existiram. São peças de ficção.
3. A delação implorada do senhor Antonio Palocci tem um problema central. Não está sustentada em provas. E ele não as têm porque tais fatos jamais ocorreram.
4. No esforço desesperado de obter a liberdade, o senhor Antonio Palocci cria um relato que busca agradar aos investigadores, na esperança de que possam deixá-lo sair da prisão.
5. A submissão da verdade ao capricho de investigadores obedece à mesma lógica dos inquisidores que cometiam abusos, sobretudo físicos, nos presos, em outros tristes tempos, para arrancar confissões.
6. Lamentável é que a “confissão” sem provas tenha se tornado o retrato desses nossos tempos, em que, a cada dia, o Estado de Exceção vai corroendo a frágil democracia e suas instituições. Nada estranho, agora, que até a presunção de inocência passe a ser negada ou esquecida, e sempre combatida.
7. “O Globo”, mais uma vez, deixa de lado os princípios jornalísticos. Não procura ouvir os “acusados”, nem publica qualquer linha sobre o que pensam os advogados dos dois ex-presidentes. Não há sequer uma menção de que ambos teriam sido procurados, o que mostraria ao menos um aparente compromisso do jornal com a verdade, base da ética de uma imprensa livre de países democráticos.
8. Por fim, é preciso reiterar que o jornalismo de guerra praticado pelas Organizações Globo vem tentando eliminar Lula e Dilma da vida política nacional, adotando como regra o justiçamento midiático. Em vão. Não terão êxito.”