Sexta-feira, 09 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de outubro de 2015
A presidenta Dilma Rousseff acredita que venceu, na terça-feira, a mais importante batalha contra o impeachment até agora, depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu o rito de tramitação do processo traçado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Apesar disso, o governo tenta manter as “portas abertas” com o parlamentar – e o peemedebista deu sinais, após a derrota, de que pode aceitar a trégua com o Palácio do Planalto, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
Ao ser questionado por líderes da base aliada, na tarde de terça-feira, sobre como será possível reconstruir um ambiente de estabilidade na Casa, ele disse que admite conversar com o governo. Dilma estava na reunião de coordenação política com 11 ministros quando soube das duas primeiras liminares do Supremo.
De acordo com relatos de participantes do encontro, ela comemorou a decisão. “Vencemos o golpismo. Agora, temos muito trabalho pela frente”, disse a presidenta, no Planalto. “Foi um momento de Copa do Mundo, esquecendo o 7 a 1 para a Alemanha”, comparou um de seus auxiliares.
Preocupado com o agravamento da crise, o titular da Casa Civil, Jaques Wagner, reuniu-se na noite de segunda-feira com o deputado, na Base Aérea de Brasília. Em menos de uma semana, os dois se encontraram duas vezes e conversaram outras três por telefone. Sob a acusação de manter contas na Suíça, abastecidas com dinheiro desviado da Petrobras, Cunha tem certeza de que o governo – com quem rompeu relações em julho – está por trás de seu calvário.
Wagner disse a ele que o Planalto não tinha influência nas investigações da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, nem no Ministério Público ou no Supremo e insistiu no diálogo. Afirmou, ainda, que as portas estavam “abertas”.
Na terça-feira, os líderes José Guimarães (do governo na Câmara), Leonardo Picciani (da bancada do PMDB) e Rogério Rosso (do PSD) tiveram uma conversa reservada com o deputado. Embora 32 dos 62 parlamentares do PT tenham assinado requerimento encabeçado pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade, pedindo a cassação do seu mandato, ele admitiu uma aproximação com o governo.
Na avaliação do Planalto, Cunha está agora com as mãos atadas por causa das denúncias, mas ainda pode causar muito estrago. Um ministro disse que o governo não tem como segurar a difícil situação do peemedebista, mas, ao mesmo tempo, “também não pode dinamitar as pontes com o presidente da Câmara”. (AE)