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Por Redação O Sul | 1 de maio de 2018
Em campanha internacional pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), a sua sucessora Dilma Rousseff (2011-2016) garantiu que ele vencerá a eleição de outubro deste ano para o Palácio do Planalto mesmo que continue na cadeia.
“Livre ou preso, ele será eleito presidente do Brasil”, assegurou a líder petista ao público que participava de um dos eventos da 44ª Feira do Livro de Buenos Aires (Argentina), onde participou do lançamento do libelo “Lula, a Verdade Vencerá”, obra que tem como subtítulo “O Povo Sabe Por Que Me Condenam”.
Recolhido desde o dia 7 do mês passado a uma cela especial da Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR), o ex-presidente cumpre sentença de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). Mesmo assim, segue como pré-candidato do PT ao pleito deste ano e lidera as pesquisas de intenções de voto em cenários nos quais o seu nome aparece como postulante ao cargo.
Por meio de uma carta enviada recentemente por seus advogados à cúpula do PT, Lula deu o seu aval para que o partido considere outras opções à presidência da República. A direção da sigla segue reiterando, entretanto, que não adotará um “plano B”.
Temor pela vida
Ao criticar a decisão de uma juíza de Curitiba que impediu a a visita a Lula pelo argentino Adolfo Pérez Esquivel, premiado com o Nobel da Paz em 1980, Dilma também afirmou que teme pela vida de seu correligionário preso pela Operação Lava-Jato. Esquivel estava presente no evento junto com a presidente do movimento Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, além de outros líderes políticos e sindicais argentinos.
“Eu tenho medo pela comida, pela água que ele toma. Porque se foram capazes de impedir a visita de um prêmio Nobel da Paz, a visita de um médico a Lula…”, insinuou. “O Brasil está sendo mais duro com Lula do que foi na ditadura, porque o temem.”
Ainda segundo a ex-presidenta, o líder petista “é um preso político e vítima de um crime”, pois o processo judicial que o condenou “é uma vergonha política que vai contra todos os direitos humanos. Lula é a arma que temos para lutar contra o enquadramento do Brasil em um neoliberalismo brutal”.
Cenário continental
Dilma esteve com outros líderes latinoamericanos, a exemplo do ex-presidente da Colômbia Ernesto Samper e do ex-prefeito da Cidade do México Cuauhtémoc Cárdenas. Também marcaram presença brasileiros como o ex-ministro dos governos petistas Aloizio Mercadante, organizador da coletânea “Os Governos do PT: Um Legado Para o Futuro”.
Ao descrever a prisão de Lula como mais um episódio de um processo de avanço de ideias neoliberais, ela incluiu a recente decisão de seis países sul-americanos de suspender a Unasul (União de Nações Sulamericanas). “Vemos como desastrosa essa interrupção de um processo de integração regional”, criticou.
Ela se referia à medida por meio da qual Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Paraguai e Peru suspenderam suas atividades no bloco até que se nomeie o sucessor de Samper, cujo mandato como secretário-geral foi concluído em janeiro de 2017.