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Por Redação O Sul | 19 de outubro de 2018
Após um relatório contundente, que descrevia décadas de abuso sexual por padres na Pensilvânia (EUA), dioceses em todo o Estado confirmaram que receberam intimações judiciais para a apresentação de documentos. Os clérigos também anunciaram sua disposição em cooperar com uma investigação do Departamento de Justiça.
Das oito dioceses do Estado, Filadélfia, Erie, Harrisburg, Scranton, Pittsburgh e Allentown confirmaram que receberam as intimações.
“A diocese de Pittsburgh recebeu a intimação do Departamento de Justiça dos EUA e cooperará plenamente com toda e qualquer investigação sobre o abuso sexual de menores por clérigos na Pensilvânia”, disse o padre Nicholas S. Vaskov, porta-voz da diocese de Pittsburgh, em um comunicado.
As intimações ocorreram dois meses após a Procuradoria-Geral da Pensilvânia divulgar um relatório acusando bispos e outros líderes da Igreja de encobrir o abuso sexual de mais de mil pessoas durante cerca de 70 anos.
Um ex-padre da diocese de Erie, que foi mencionado no relatório, se declarou culpado anteontem em um tribunal estadual por ter cometido repetidos assédios sexuais a um coroinha e uma tentativa de estupro a outro menino.
“Essa investigação federal mostra como esses crimes são terríveis para muitos”, disse o padre James Martin, editor da revista católica “America Magazine”. “Espero que isso incentive os líderes da Igreja, em todos os níveis e localidades, a abrir voluntariamente seus arquivos sobre todos os sacerdotes que foram alvo de denúncias nas últimas décadas. Também é importante ressaltar que, hoje, qualquer sacerdote acusado por fontes confiáveis seja imediatamente removido do ministério. Antes que possa nos libertar, a verdade precisa ser revelada.”
Renúncia
Em julho, o papa Francisco aceitou a renúncia de Theodore McCarrick, ex-arcebispo de Washington e uma das figuras mais proeminentes da Igreja Católica nos Estados Unidos, após denúncias de abuso sexual a menores e jovens.
“O papa Francisco aceitou sua renúncia do cardinalato e ordenou a suspensão do exercício de qualquer ministério público por ele, juntamente com a obrigação de permanecer em uma casa ainda a ser indicada a ele para uma vida de oração e penitência, até que as acusações feitas contra ele sejam examinadas em um julgamento canônico regular”, diz o texto.
McCarrick, um padre que foi promovido a bispo e arcebispo da arquidiocese de Nova York antes de se transferir para Washington em 2001, é um dos cardeais americanos mais conhecidos internacionalmente.
Embora oficialmente aposentado, continuava a viajar, especialmente para defender questões de direitos humanos.
Em um comunicado publicado em 20 de junho, o cardeal Timothy Dolan, de Nova York, explicou que sua diocese havia recebido denúncias de supostos abusos de McCarrick que datavam de “quase 45 anos”.
Sob a Carta para a Proteção das Crianças, adotada em 2002 pelos bispos americanos após o escândalo de pedofilia que abalou a diocese de Boston, “uma agência independente” conduziu uma investigação cujos resultados foram transmitidos para um comitê que considerou as acusações “credíveis”, ressaltou o cardeal Dolan.
Theodore McCarrick, “embora afirme ser inocente, aceita essa decisão”, disse o cardeal Dolan, observando que o Vaticano pediu ao arcebispo emérito de Washington que não “exercesse publicamente seu ministério”.
Segundo o “The Washington Post”, Theodore McCarrick teria abusado de um adolescente.