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Brasil Diplomatas valorizam a proximidade entre Eduardo Bolsonaro e o presidente da República, mas criticam a sua inexperiência para assumir a embaixada do Brasil em Washington

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Diplomata diz que Eduardo pode "se decepcionar" ao perceber que o acesso à família Trump não é tão fácil. (Foto: Paola de Ortega/Agência Brasil)

O anúncio do presidente Jair Bolsonaro de que vai indicar um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, para o posto de embaixador do Brasil em Washington dividiu a opinião de diplomatas brasileiros e estrangeiros.

Bolsonaro divulgou o plano um dia depois de Eduardo completar 35 anos, idade mínima para assumir uma missão diplomática permanente. A indicação ainda precisa ser formalizada pelo presidente e depois aprovada pelo Senado para que o deputado possa ocupar o posto, que está sem embaixador desde a saída de Sergio Amaral, há três meses.

“Da minha parte está definido. Conversei com ele (Eduardo) acho que anteontem. Há interesse. A gente fica preocupado, é uma tremenda responsabilidade”, afirmou o presidente nesta terça-feira (16).

Diplomatas brasileiros, argentinos e americanos ouvidos concordam que a relação de um embaixador com o presidente é “fundamental” para o cargo. Mas a maioria deles afirma que Eduardo não tem carreira significativa para ocupar um posto que exige alta qualificação e critica a escolha de um parente.

Para o embaixador da Argentina na China, Diego Guelar, ser filho do presidente não é um problema. “O dado central é a capacidade de se ter uma boa comunicação com o presidente que o designou para o posto. O fato de ser familiar não prejudica. Ao contrário, agrega”, diz ele, que foi embaixador em Washington, em Brasília e junto à União Europeia.

O diplomata americano aposentado Robert Felder, que foi embaixador em diversos países da América Latina, diz valorizar os conhecimentos e experiência de embaixadores com longas trajetórias profissionais, mas para ele a afinidade com o presidente pode prevalecer em certas situações.

“Em alguns casos, considero que a confiança absoluta que o presidente pode ter no seu representante e a capacidade desse representante de refletir os pensamentos do presidente valem mais que outras considerações”, diz Felder.

Ex-embaixador da Argentina no Brasil entre 2003 e 2011, Juan Pablo Lohlé acha que o fato de Eduardo ser filho do presidente tem prós e contras e é preciso “encontrar o equilíbrio adequado”. “Um fator contrário é ser considerado nepotismo” diz ele. “E um favorável é a aproximação com o presidente.”

Republiqueta

Para um embaixador brasileiro que já trabalhou na embaixada do Brasil em Washington e falou sob a condição do anonimato, há o risco de Bolsonaro e seu filho se decepcionarem com a expectativa de que serão próximos do presidente americano Donald Trump.

“Por mais que Trump mostre ser afável com o presidente Bolsonaro, ele tem milhares de atribuições dentro e fora dos Estados Unidos. Não é tão simples como eles pensam ter acesso ao presidente dos Estados Unidos que, além de tudo, vai estar cada vez mais voltado para sua campanha à reeleição no ano que vem”, diz o diplomata.

Para ele, a falta de experiência de Eduardo Bolsonaro poderia gerar mais resultados para os Estados Unidos do que para o Brasil. “O trabalho de diplomata é mais complexo do que se imagina e principalmente em Washington. E apesar de o Brasil ser um país importante e ser visto como fundamental em questões como a crise da Venezuela, existem outros com maior peso para a política externa americana, como Israel, por exemplo.”

“(Eduardo Bolsonaro) não tem uma carreira significativa. Sua ida para a embaixada do Brasil em Washington daria a impressão de que o Brasil é uma republiqueta”, completa.

Constrangimento

Ex-embaixador brasileiro na Argentina e na França, Marcos Azambuja diz que a indicação do deputado é algo “pouco habitual” na trajetória da diplomacia brasileira.

O diplomata critica tanto o fato de o deputado ser filho do presidente quanto o anúncio da indicação. “Na diplomacia, não se pode correr o risco de constrangimentos. Tudo isso se faz com confidencialidade. Quando você anuncia o embaixador, já deve ter conversado com o país para onde ele será destinado. Mas para mim é de uma informalidade quase incompreensível”, afirma ele, hoje conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, no Rio de Janeiro.

Fritar hambúrguer

Para outro embaixador brasileiro, que pediu para não ter o nome revelado, a indicação de Eduardo Bolsonaro “é péssima para o Brasil”.

“Ele tem 35 anos e disse que a experiência que teve nos Estados Unidos foi a de fritar hambúrguer. Isso não é qualificação para ser embaixador do Brasil”, disse o diplomata, que está entre os mais experientes do Itamaraty. “Espero que o Senado não o aprove. Como o voto é secreto, espero que os senadores não permitam esse vexame para o Brasil.”

Na segunda (15), sem citar o nome de Eduardo Bolsonaro, a Associação dos Diplomatas Brasileiros divulgou uma nota defendendo a carreira de diplomata.

“Embora ciente das prerrogativas presidenciais na nomeação de seus representantes diplomáticos, a entidade recorda que os quadros do Itamaraty contam com profissionais de excelência, altamente qualificados para assumir quaisquer embaixadas no exterior”, diz a nota.

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