Domingo, 21 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de junho de 2019
Afastado do cargo após interferência do governo na divulgação de um comercial do BB (Banco do Brasil) sobre diversidade, Delano Valentim de Andrade renunciou oficialmente na sexta-feira (31). A saída não envolve, porém, o fim do vínculo com o banco público. Ele será vice-presidente do argentino Banco Patagônia, controlado pelo BB.
Andrade era diretor de Marketing e Comunicação do Banco do Brasil, mas foi afastado do posto após a interferência do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na divulgação de um vídeo em que apareciam jovens descolados. Eram retratados negros, gays e havia uma transexual no vídeo.
O comercial foi considerado inapropriado pelo presidente, que pediu a retirada da campanha do ar. A ordem foi acatada por Rubem Novaes, presidente do BB, ainda em abril. Desde que Novaes assumiu o comando do Banco do Brasil, delegou às suas equipes de marketing e de tecnologia um plano para atrair jovens com uma linguagem mais moderna e com serviços via internet capazes de competir com as fintechs, hoje uma ameaça concreta aos maiores bancos e que têm entre os jovens seus maiores adeptos.
Em entrevista a jornalistas, no começo do mês, Novaes afirmou que recebeu o vídeo de Bolsonaro e que tampouco gostou do que viu. “Não gostei por uma razão muito simples: nosso objetivo é atingir todo o espectro de jovens, que não vi representado”, afirmou à época.
“Não vi o jovem fazendeiro, o rapaz esportista, o nerd. Não vi ali o jovem de classe média baixa que rala um dia inteiro para pagar estudos à noite. Ficou muito concentrado na juventude descolada”, criticou também à época. O Banco do Brasil tem atualmente 15% de seus clientes entre 20 e 30 anos, fatia menor que os quase 18% que têm mais de 65 anos.
Custo
A campanha do Banco do Brasil, vetada pelo presidente Jair Bolsonaro, rendeu discussões. A Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) e da Associação Brasileira de Abap (Agências de Publicidade) se posicionaram sobre a polêmica.
As entidades apontam um equívoco em comentários das redes sociais e publicado em alguns veículos da imprensa, que apontam que o comercial teria custado R$ 17 milhões. As associações reiteram que o comercial teria custado R$ 1 milhão, informação confirmada pela agência.
O comunicado, assinado por Glaucio Binder, presidente da Fenapro, afirma que o valor “pode ser verificado por meio das notas fiscais de prestação de contas em poder do próprio Banco do Brasil”. Ainda segundo o texto, as “agências de publicidade que atendem contas públicas atuam em sintonia com a legislação e as regras dos órgãos de controle, como a CGU [Controladoria-Geral da União]”.
“É fundamental, antes de propagar informações imprudentes, que se busque entender como funciona a atividade e a complexidade de uma campanha ou plano de mídia”, disse o comunicado. Com isso, os outros R$ 16 milhões do investimento realizado pelo Banco do Brasil contemplam o investimento em mídia, na compra de espaços comerciais em TV, internet e rádio – parte dele já utilizado. Segundo o Banco do Brasil, “o valor total está alinhado com o que se pratica no mercado para iniciativas publicitárias com a mesma abrangência e finalidade”.