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Por Redação O Sul | 23 de julho de 2020
Durante coletiva da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (23), o diretor geral Tedros Adhanon afirmou que falta de liderança política e disputas partidárias em alguns países piorou a pandemia do coronavírus no mundo.
“Um dos maiores problemas que enfrentamos é a politização da pandemia”, disse Tedros. “Partidarismo simplesmente piorou a situação. O que é importante é solução embasada na ciência e na solidariedade.”
Tedros fez as afirmações acima após ser questionado pelos jornalistas sobre os recentes ataques de políticos dos Estados Unidos à OMS.
A líder técnica de emergências da OMS, Maria van Kerkhove, também se pronunciou. “Sou americana e quero comentar a situação”, disse. “Eu tenho orgulho em ser OMS, antes de tudo.”
Ainda nesta quinta, OMS alertou que quase metade de todos os casos de coronavírus no mundo estão concentrados em apenas 3 países: Estados Unidos, Brasil e Índia.
“Quase 10 milhões de casos da Covid-19, ou dois terços de todos os casos no mundo, são de 10 países. Quase metade de todos os casos relatados até agora são de apenas três países”, informou o diretor-geral da OMS, Tedros Adahnon. “Embora todos os países tenham sido afetados, continuamos a ver intensa transmissão em um grupo relativamente pequeno de países”, complementou.
A OMS informou que mais de 15 milhões de casos da Covid-19 já foram relatados à agência, além de quase 620 mil mortes.
Vacina de Oxford
No momento, 136 vacinas estão sendo desenvolvidas em todo o mundo. A da Universidade de Oxford, no Reino Unido, é a mais avançada.
Os resultados positivos divulgados se referem às duas primeiras fases de testes da imunização. A terceira fase está ocorrendo no Brasil.
As fases 1 e 2 dos testes que foram conduzidas simultaneamente no Reino Unido, tiveram 1.077 voluntários. Os ensaios mostraram que a vacina foi capaz de induzir a resposta imune tanto por anticorpos como por células T até 56 dias depois da administração da dose.
Uma vez que o mundo tiver uma vacina contra a Covid-19 pronta, Tedros alertou que o produto deverá ser encarado pelos países como um “bem público global”, e que os governos devem se comprometer a garantir uma distribuição justa da vacina.
Jovens assintomáticos
Em todo o mundo o novo coronavírus está reaparecendo em locais que acreditavam tê-lo eliminado, muitas vezes em surtos envolvendo grupos reduzidos e localizados de pessoas contaminadas, em geral por um único infectado. Seja em Melbourne, na Austrália, seja em Leicester, no Reino Unido, ou ainda em Pequim, na China, o retorno levou autoridades a reforçar medidas contra o vírus depois de elas já terem sido relaxadas.
Uma das razões para o ressurgimento de casos do novo coronavírus pode ser o elevado número de pessoas que não sabem que estão infectadas. Na China, uma mulher que não apresentava sintomas, mas estava em quarentena depois de voltar dos Estados Unidos, acabou sendo responsável por 71 outras infecções depois de usar o elevador do seu prédio.
“Há muitos dados indicando que a transmissão antes dos sintomas aparecerem é muito comum, o que dificulta o controle do vírus”, comenta o professor de virologia Hitoshi Oshitani, da Escola de Medicina de Tohoku, no Japão.
Um estudo recente, do qual Oshitani participou, localizou, como origem de vários surtos, jovens que não se sentiam doentes. O estudo analisou mais de 3 mil casos no Japão e foi publicado no Emerging Infectious Diseases Journal, do Centro para o Controle e Prevenção de Enfermidades (CDC), nos EUA.
Os pesquisadores chegaram a 22 pessoas que possivelmente deram origem a surtos fora de hospitais. Metade delas tinha entre 20 e 30 anos. A pesquisadora de virologia Yuki Furuse, da Universidade de Kyoto, disse que essa descoberta foi especialmente surpreendente porque a maioria dos casos de coronavírus registrado no Japão, na época da pesquisa, era de pessoas com mais de 50 ou mais de 60 anos.