O diretor-presidente da Anvisa também foi questionado sobre quem estava na reunião em que foi debatida a minuta do decreto. “Confirmo que estavam lá, de minha memória, o general Braga Netto [então ministro da Casa Civil], o ministro Mandetta, eu e a doutora Nise Yamaguchi [médica]. Havia um médico sentado ao lado dela, não me recordo o nome”, explicou. Barra Torres disse ainda que não se lembrava da presença de outros ministros.
De acordo com o diretor-presidente da Anvisa, a médica Yamaguchi defendeu a proposta. Ele admitiu que teve uma reação “um pouco deselegante” ao rejeitar a ideia. “Esse documento foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi, que provocou uma reação um pouco deselegante minha, de dizer que aquilo não poderia ser. Só quem pode modificar uma bula de medicamento registrado é a agência reguladora do País, desde que solicitado pelo detentor do produto”, disse Barra Torres.
O diretor-presidente da Anvisa declarou ainda que estudos feitos em todo mundo, “até o momento”, apontam que a cloroquina não deve ser usada contra a Covid-19.
“Até o momento, as informações vão contra possibilidade de uso na Covid-19”, afirmou. Ele disse que é contra o uso da cloroquina no chamado tratamento precoce, defendido por Bolsonaro.
Questionado por Calheiros se incluiria a cloroquina entre os medicamentos do chamado tratamento precoce, como defende Bolsonaro, Barra Torres disse que não. “A minha posição sobre o tratamento precoce da doença não contempla essa medicação, por exemplo, não contempla. E contempla, sim, a testagem e o diagnóstico precoce, obviamente. Observação de todos os sintomas que a pessoa pode ter e tratá-los, combatê-los o quanto antes”, completou.
Vacinas
Um dos principais temas tratados no depoimento de Barra Torres foi a recusa, pela Anvisa, da liberação da vacina russa Sputnik V. Ele disse que não houve “preciosismo” nem no indeferimento do pedido da Sputnik V nem no da vacina indiana Covaxin.
Barra Torres afirmou que as duas vacinas não apresentaram os requisitos necessários para obter o sinal verde da Anvisa. Ele ressaltou que espera que os responsáveis pelos imunizantes apresentem as informações requeridas para resolver as pendências.