Sexta-feira, 16 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de maio de 2025
Uma semana após a morte do papa Francisco, a freira brasileira Aline Pereira Ghammachi, de 41 anos, deixou o posto de abadessa Mosteiro San Giacomo di Veglia, na Itália. A saída dela do cargo é o capítulo mais recente de uma crise iniciada há dois anos, quando uma carta anônima a denunciou por maus-tratos.
“Na segunda-feira de Páscoa, fui removida sem nenhuma prova concreta, criando um verdadeiro terremoto em nossa comunidade”, disse Ghammachi ao jornal italiano Gazzettino, na semana passada. “Tudo começou há dois anos quando quatro religiosas enviaram uma carta ao Papa Francisco acusando-me de maus-tratos e outros comportamentos infundados. O documento foi então enviado ao Dicastério, que decidiu colocar o convento sob administração especial”.
As acusações foram negadas por outras freiras do convento, disse ainda Ghammachi ao jornal italiano. Após a saída da brasileira, outras cinco religiosas também optaram por deixar o mosteiro e informaram à polícia italiana da decisão. Elas alegaram sofrerem “tensões insuportáveis”.
“Não posso aceitar ver minha vocação destruída por calúnias infundadas. Peço que seja esclarecida toda a verdade sobre o ocorrido. Se houver provas contra mim, que sejam mostradas. Caso contrário, tomarei medidas legais”, disse a brasileira ao Gazzettino. Aline Ghammachi assumiu o cargo aos 33 anos, tendo sido a mais nova a comandar um convento na Itália.
O caso contra Ghammachi chegou a ser arquivado, mas foi reaberto posteriormente. A brasileira atribui a movimentação ao frei Mauro Giuseppe Lepori, que dirige a ordem a qual pertence o mosteiro. “”Ele dizia que eu era bonita demais para ser abadessa, ou mesmo para ser freira. Falava em tom de piada, rindo, mas me expôs ao ridículo”, relatou a brasileira à Folha de S.Paulo.
Visitas foram realizadas pelo Vaticano ao convento, com a última delas em 2024. Um ano depois, uma nova abadessa foi indicada para comandar o mosteiro. Ela chegou ao local no dia da morte do papa Francisco.
Em nota enviada ao jornal Corriere della Serra, a Ordem de Cister confirmou ter nomeado a freira Madre Martha Driscoll para o convento no lugar da brasileira. Segundo o texto, a brasileira “pediu para se ausentar do mosteiro por um período de tempo”.
“Gostaríamos, portanto, de destacar que, se cinco freiras deixaram o mosteiro, outras vinte permaneceram fiéis à sua vocação e acolheram o Decreto de Comissionamento com favor e gratidão, continuando seu caminho em obediência à Santa Sé e ao Comissário”, diz ainda a nota. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.