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Notícias Dois anos após o início da vacinação contra o HPV no SUS para meninos de 11 a 14 anos, só 22% deles receberam duas doses e estão imunizados por completo. A meta era vacinar 80%

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A vacina é distribuída pelo SUS e é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. (Foto: Reprodução)

Dois anos após o início da vacinação contra o HPV (Papilomavírus humano) no SUS para meninos de 11 a 14 anos, só 22% deles receberam duas doses e estão imunizados por completo. A meta do Ministério da Saúde era vacinar 80% do público.

As piores taxas estão nos Estados do Pará (14%) e Rio de Janeiro (16%), e as melhores, no Paraná (29,7%), e Minas Gerais (28,8). Segundo o ministério, mais de 9,2 milhões de adolescentes ainda precisam ser vacinados em todo o País.

A baixa adesão à vacinação, também verificada entre as meninas de 9 a 14 anos (cobertura de 51%), tem preocupado os oncologistas e foi discutida na semana passada no maior congresso de oncologia do mundo, em Chicago (EUA).

O vírus está presente em mais da metade da população brasileira e é associado a vários de tipos de tumores, como o de colo de útero, de pênis e das regiões vaginal e anal.

Novos estudos apontam que o HPV também tem sido relacionado cada vez mais a casos de tumores da cavidade oral em jovens. Uma pesquisa do A.C.Camargo Cancer Center, de São Paulo, mostrou que até 75% dos casos de câncer de amígdalas e 32% dos de boca estão associados ao vírus. Há dez anos, essa relação existia em apenas 25% desses casos.

Segundo o cirurgião oncológico Luiz Paulo Kowalski, diretor do setor de cirurgia de cabeça e pescoço do A.C.Camargo, historicamente esses cânceres afetam homens mais velhos, que fumam e/ou bebem excesso. “Agora, aparecem cada vez mais jovens entre 30 e 45 anos sem esses fatores de risco, mas que estão infectados com o HPV”, diz.

A hipótese é de que a infecção ocorra pelo sexo oral desprotegido – o vírus está presente na região genital e anal. Mas podem existir outros fatores que precisam ser mais bem estudados porque há doentes que, mesmo com o tumor associado ao HPV, negam a prática de sexo oral.

“É impensável não tomar a vacina, uma medida preventiva claramente eficiente. São jovens que serão submetidos a cirurgias, quimioterapia, radioterapia, que podem deixar sequelas para o resto da vida, mesmo que o câncer seja curado”, afirma Kowalski.

De acordo com a professora da USP Luisa Lina Villa, chefe do laboratório de inovação em câncer do Icesp (Instituto de Câncer do Estado de São Paulo), os tumores de orofaringe [base da língua e amídalas] associados ao HPV são mais frequentes em homens jovens com perfil socioeconômico mais elevado.

“Há uma série de preconceitos envolvendo as mulheres [como o temor de que a vacina estimule a iniciação sexual precoce]. Vamos colocar o homem no foco. Ele tem o vírus, ele pode ter câncer de pênis, de reto, de orofaringe [base da língua e amígdalas]. E para evitar parte desses cânceres, tem que vacinar. Tenho certeza de que as mães de meninos vão procurar a vacina.”

Segundo ela, embora também seja fundamental para as mulheres, elas dispõem de outras formas de prevenção do câncer do colo de útero, como o exame papanicolaou. “O homem ainda está na penumbra. Mas ele é tanto artífice do que pode acontecer à mulher como vítima. Os tumores de orofaringe são horríveis, mutilantes, e a sobrevida é pequena. Em cinco anos, morrem 50% dos doentes.”

A baixa cobertura vacinal também preocupa os Estados Unidos, onde apenas 49% da população de meninas e meninos com indicação para a vacina está imunizada.

Por lá, entre as razões que levam os pais a não vacinar seus filhos contra o HPV estão a preocupação com segurança e efeitos colaterais, a crença de ela não é necessária e a falta de recomendação dos gestores de saúde.

 

No Brasil, são estimados 16 mil casos de câncer de colo do útero por ano e 5.000 mortes de mulheres em razão da doença. Mais de 90% dos casos de câncer anal e 63% dos cânceres de pênis são atribuíveis à infecção pelo HPV.

Em países que conseguiram índices de cobertura superiores a 80%, como Austrália, o número de mulheres com mais de 25 anos diagnosticadas com câncer cervical caiu em pelo menos 50%, segundo estudos recentes.

No Brasil, porém, ainda é grande o questionamento sobre a validade da vacinação inclusive entre os médicos. As razões vão desde eventuais efeitos colaterais graves (não há evidência sobre eles e a OMS atesta a segurança) e passam pelas dúvidas sobre se a imunização, que já se mostrou eficaz na prevenção de células pré-malignas, evitará de fato um câncer no futuro.

Para Gustavo Gusso, professor da USP e um dos diretores da sociedade medicina de família e comunidade, do ponto de vista coletivo, a baixa cobertura da vacinação do HPV não é tão preocupante porque ela oferece proteção individual, não populacional, como a vacina contra o sarampo.

“É importante saber quais ações preventivas vamos priorizar. Certamente as vacinas de bloqueio populacional em que o objetivo é que fazer com que o vírus pare de circular, como as contra a pólio e o sarampo, estarão sempre entre as principais prioridades.”

O que é o HPV

O HPV (papilomavírus humano) é um vírus que provoca lesões na pele e nas mucosas –algumas delas são visíveis e outras, não. Há mais de cem tipos de HPV, e a maioria é inofensiva

Sintomas

A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a anos, sem manifestar sinais visíveis a olho nu. No homem, as verrugas com aspecto semelhante à couve-flor são mais comuns na cabeça do pênis (glande) e na região do ânus. Na mulher, surgem na vagina, vulva, região do ânus e colo do útero. As lesões também podem aparecer na boca e na garganta

Transmissão

A principal forma de contágio é por meio da relação sexual. O vírus também pode ser transmitido pelo sangue e de mãe para filho no parto

Diagnóstico

O diagnóstico das lesões visíveis pode ser feito por exame urológico, ginecológico e dermatológico. O exame preventivo Papanicolaou (citopatologia), e outros como colposcopia, peniscopia e anuscopia, podem distinguir as lesões não visíveis benignas das malignas

Câncer

Certos tipos de HPV podem evoluir para câncer. Alguns fatores podem aumentar o risco, infecção pelo HIV e por outras doenças sexualmente transmissíveis

Prevenção

A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, pessoas que vivem HIV e pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos;

O uso de camisinha pode diminuir a possibilidade do contágio, apesar de não proteger totalmente contra a transmissão.

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https://www.osul.com.br/dois-anos-apos-o-inicio-da-vacinacao-contra-o-hpv-no-sus-para-meninos-de-11-a-14-anos-so-22-deles-receberam-duas-doses-e-estao-imunizados-por-completo-a-meta-era-vacinar-80/ Dois anos após o início da vacinação contra o HPV no SUS para meninos de 11 a 14 anos, só 22% deles receberam duas doses e estão imunizados por completo. A meta era vacinar 80% 2019-06-09
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