Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2025
Desde o começo do ano, o dólar já caiu mais de 8%. Em abril a moeda teve um acumulado de 0,5% de perda. A queda é frequente desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro. A moeda finalizou o ano passado em R$ 6,18, queda de 8,05% até agora. Porém, essa queda pode ser passageira, e o dólar pode voltar para perto dos R$ 6 até o fim do ano.
Prever se essa tendência irá continuar não é tarefa fácil. Contudo, economistas apostam em um dólar cada vez mais fraco nos próximos meses.
O que esperar
O mercado financeiro acredita que o dólar terminará 2025 custando R$ 5,90. O último Boletim Focus, relatório divulgado pelo Banco Central Brasileiro que resume algumas previsões do mercado, mostrou uma estagnação da expectativa em relação ao preço do câmbio para este ano em relação ao relatório anterior divulgado em 21 de abril.
“O câmbio futuro para fim de 2025 ainda se encontra ao redor de R$ 6, então R$ 5,90 não pode ser vista como alta demais ou contemplando uma visão pessimista para o real”, disse Gustavo Menezes, gestor de macro da AZ Quest.
Mas no curto prazo pode se desvalorizar. Os comentários de Donald Trump que sempre mexem com o valor do dólar ao longo do dia, além das reuniões de negociação com a China, tendem a fazer com que a moeda oscile. Se as notícias são vistas como positivas pelo mercado, o dólar sobe, se são “negativas”, cai, uma vez que investidores passam a procurar mercados mais previsíveis para suas reservas.
Difícil de prever
“Deus inventou o câmbio para arruinar a vida dos economistas”. A frase já usada por diversos economistas, incluindo o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ilustra o desafio de prever o preço da moeda em relação ao real.
O governo de Donald Trump deixou tudo ainda mais incerto. Assim como no primeiro mandato, é difícil saber quais serão os próximos passos do presidente dos Estados Unidos, isso porque nem tudo o que é anunciado é cumprido, por exemplo.
Guerra comercial com a China também dificulta previsões. A imposição por parte dos EUA de tarifas que chegam a 145% contra um de seus principais parceiros comerciais e a negociação travada entre as duas partes torna tudo ainda mais imprevisível.
O mercado precisa de segurança para funcionar bem. Investidores e empresas tomam decisões — como onde colocar seu dinheiro ou se vão ampliar seus negócios — com base no que esperam do futuro. Quando há incerteza sobre a política econômica, as pessoas ficam com medo de perder dinheiro. Isso faz muitos investidores tirarem seus recursos do país ou evitarem novos investimentos. Com menos dinheiro entrando nos EUA, o dólar se desvaloriza, ou seja, fica mais barato.
A longo prazo, o resultado da política de Trump será mais claro. “Esse experimento ímpar você só consegue avaliar 10 anos depois”, diz o professor da FGV e autor do livro “Taxa de Câmbio no Brasil” Márcio Holland. “Enquanto essa incerteza persistir, devemos observar o dólar se enfraquecer”, completa André Valério, economista sênior do Banco Inter.
Não há substitutos diretos para o dólar, o que pode beneficiar os EUA. O futuro do dólar enquanto moeda de reserva de valor internacional não deve se alterar, de acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem. Em grande parte, porque não há alternativas boas o suficiente. “A China manipula sua taxa de câmbio e impõe restrições de movimentação de capital. A Europa tem problemas estruturais de crescimento e demografia que colocam em dúvida o dinamismo da região”, diz Valério.
Alguns fatores podem conter ou até reverter a desvalorização do dólar no médio e longo prazo. Um deles é a possibilidade de o Fed (Federal Reserve), banco central dos Estados Unidos, elevar as taxas de juros para conter a inflação causada pelas tarifas. Juros mais altos tendem a atrair investidores estrangeiros em busca de maior rentabilidade, o que aumenta a demanda por dólares e fortalece a moeda, explica Marcos Weigt, diretor da tesouraria do Travelex Bank, banco especializado em câmbio. Além disso, uma eventual mudança na política comercial do governo Trump, com a retirada ou moderação das tarifas sobre produtos importados — especialmente os da China —,também pode aliviar pressões inflacionárias e melhorar a confiança do mercado, favorecendo a valorização do dólar. As informações são do portal Uol.