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Por Redação O Sul | 23 de janeiro de 2020
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou na quarta-feira (22) impor altas tarifas sobre as importações de carros da UE (União Europeia) se o bloco não fechar um acordo comercial.
Trump já havia anteriormente feito ameaças de taxar importações automobilísticas europeias, com a intenção de conseguir termos melhores na relação comercial EUA-Europa. Trump adiou várias vezes a aplicação de tarifas.
“Eu me encontrei com a nova chefe da Comissão Europeia, que é excelente. E tive uma grande conversa. Mas disse ‘olha, se não conseguirmos algo, terei que tomar uma ação’ e a ação será tarifas bastante altas sobre seus carros e outras coisas que entram no nosso país”, disse Trump à CNBC em entrevista no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça).
Ursula von der Leyen sucedeu Jean-Claude Juncker no fim de 2019 como a principal autoridade da UE, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo.
Os Estados Unidos também ameaçaram taxas de até 100% sobre produtos franceses, de champanhe a bolsas, devido a um imposto sobre serviços digitais que Washington diz prejudicar as empresas de tecnologia dos EUA.
Trump disse à CNBC que a União Europeia tem que fechar um acordo sobre comércio. “Eles não têm escolha”, disse Trump.
Em entrevista separada em Davos à Fox Business Network, Trump explicou que as tarifas sobre carros da UE podem chegar a 25%.
OMC
O diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Roberto Azevêdo, afirmou ter tido uma boa conversa na terça-feira (21) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a necessidade de reformas no organismo. Mas ressaltou que não há negociação específica em curso.
“Se a OMC quiser se atualizar, precisará fazer reformas, isso já tem sido conversado na organização. Mas não é que tenhamos falado de um grande pacote de reformas, porque sabemos que negociar um grande pacote de reformas levaria décadas”, afirmou o brasileiro, em aparente alusão à rodada Doha de negociações para liberalização do comércio, que sucumbiu a múltiplos desacordos.
Trump havia declarado a publicações americanas, após se reunir com Azevêdo, que os dois haviam concordado com a necessidade de reformar o organismo e que a OMC tinha “muitos problemas” – o que exemplificou com decisões supostamente desfavoráveis aos EUA.
Nos últimos três anos, os EUA intensificaram a pressão sobre o organismo que rege o comércio, o que culminou em dezembro passado com a paralisação do órgão de apelação da entidade — espécie de segunda instância das arbitragens comerciais — porque os EUA bloquearam a eleição de novos membros para a junta após o fim dos últimos mandatos, deixando o órgão com apenas um membro.
Por ora, há debates sobre como solucionar o problema e soluções interinas. Azevêdo, entretanto, não deu detalhes dessas discussões, limitando-se a dizer que será preciso evitar repetir fórmulas e “ser criativo”.
O diretor-geral da OMC deve viajar a Washington em breve para debater com o governo americano o que abordar em uma eventual reforma. Ele não listou quais os pontos cobrados por Trump – supostamente, a diferença de tratamento para países ricos e grandes emergentes é um deles.