Sábado, 11 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de julho de 2022
Durante quase um ano, o gabinete de assessores de Donald Trump diz para o ex-presidente não anunciar a pré-candidatura para voltar a disputar a presidência dos Estados Unidos antes das eleições de meio de mandato, em novembro. Segundo os assessores, Trump poderia prejudicar os candidatos republicanos deste ano e ser considerado o culpado se o desempenho deles decepcionar. O ex-presidente ouve, mas pressiona com frequência por um anúncio precoce e considera agora fazê-lo em setembro.
A pressão do ex-presidente acontece conforme seus possíveis rivais republicanos ficam mais agressivos e em meio a sinais de enfraquecimento da base trumpista. Cada vez mais, apoiadores insistem que o ex-presidente siga seus instintos, com o objetivo de sustentar sua posição no partido e impulsionar o comparecimento às urnas este ano, ajudando o Partido Republicano a conquistar maioria nas Casas Legislativas.
Dois conselheiros do ex-presidente afirmam sob anonimato que Trump considera agora fazer o anúncio da pré-candidatura em setembro. Um dos assessores mais próximos estima que a probabilidade dele anunciar antes das eleições de meio de mandato está em 70%. Outros dizem que ele pode decidir antes mesmo de setembro.
Outras duas fontes que acompanham a situação de perto afirmam que Trump começou a conversar com os conselheiros a respeito de quem deveria coordenar a pré-campanha, e a sua equipe já transmitiu instruções para a organização de um aparato online, a postos para iniciar o trabalho assim que o anúncio for feito. O ex-presidente também começou a se reunir com importantes doadores para conversar sobre a disputa de 2024 em viagens que tem realizado por todo o país, afirmou uma das fontes.
“Se Trump vai concorrer, o quanto antes ele se apresentar para conversar sobre vencer a próxima eleição, melhor”, afirmou o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul, que recentemente jogou golfe com Trump em Nova Jersey. “Isso vai dar novo foco à atenção dele – menos ressentimento, mais foco no futuro.”
Graham aceitou um argumento, anteriormente desprezado por muitos em seu partido, de que os democratas usarão a impopularidade de Trump entre alguns grupos de eleitores para tentar impulsionar o comparecimento às urnas, não importando o que ele faça. Se Trump entrar logo na disputa, continua o argumento, ele estará mais bem posicionado para impulsionar o comparecimento dos republicanos às urnas nas eleições intercalares.
“Já que você vai se machucar de qualquer maneira, você pode também colher benefícios”, afirmou Tony Fabrizio, especialista em pesquisas ligado a Trump que trabalha para vários candidatos ao Senado nesta campanha. “Se a ideia é energizar a base e fazer as pessoas saírem de casa para votar, não há ninguém melhor que Trump para isso.”
Outros defendem que a inserção direta de Trump na campanha das eleições intercalares apenas favorecerá os planos dos democratas de transformar a atual disputa em um referendo a respeito do extremismo do movimento “Make America Great Again” (MAGA, ou “Torne os EUA grandes novamente”). Os republicanos acreditam estar a caminho de uma vitória marcante este ano, como resultado da imensa insatisfação com a inflação, do desempenho do presidente Joe Biden na função e da direção que o país está tomando.
Pesquisas com o público em geral e sondagens internas no Partido Republicano realizadas em vários Estados importantes mostram que Trump tem menos apoio até do que Biden, que sofreu uma queda de popularidade histórica desde que assumiu a presidência. Em uma pesquisa recente, o ex-presidente simulou disputas com o democrata em New Hampshire e Wisconsin, locais com disputas emblemáticas para o Senado; nas duas apareceu atrás.
Uma apresentação para doadores realizada pela campanha de Herschel Walker para o Senado pela Geórgia obtida pelo Washington Post mostra Biden e Trump com índices de aprovação similares abaixo de 40%, cerca de 12 pontos percentuais abaixo dos registrados por Walker e seu oponente, o senador Raphael Warnock, democrata da Geórgia. No início de 2021, a Battleground Survey contratada pelo Comitê Congressional Nacional Republicano constatou que as opiniões desfavoráveis a Trump eram 15 pontos percentuais mais elevadas do que as opiniões favoráveis em distritos cruciais.
Trump também derrapou um pouco entre os eleitores republicanos, apesar de continuar o candidato favorito nas primárias, de acordo com pesquisas públicas.
A decisão de Trump de entrar na disputa, temem alguns no Partido Republicano, poderia confundir a dinâmica nos meses finais das campanhas para a Câmara e o Senado.
“De todas as coisas egoístas que ele faz a cada minuto diariamente, esta seria provavelmente a pior”, afirmou um proeminente estrategista republicano, falando sob condição de anonimato para oferecer um relato sincero. “Tudo que fizermos exceto falar da economia será desastroso.” As informações são do jornal The Washington Post.