Quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de agosto de 2019
A pessoa começa a correr, se empolga, aumenta a distância e a frequência dos treinos e, de repente, é pega de surpresa por uma dor chata na região da canela. O incômodo pode até passar depois de alguns dias de descanso, mas basta retornar para o asfalto que ele aparece novamente, às vezes mais intenso. Essa é a tal da canelite, lesão formalmente chamada de síndrome do estresse medial tibial, uma inflamação da membrana (periósteo) que reveste o osso da canela.
A maior queixa é dor na tíbia durante exercícios de impacto e depois do treino, que pode persistir até em movimentos simples, como caminhar e descer ou subir escadas. Se você é ou já foi vítima do problema, saiba que não está sozinho. Essa é uma das lesões mais comuns em corredores e corredoras e acomete até quem não pratica o esporte.
Quais são os principais vilões?
Segundo Murilo Curtolo, mestre em ciências da saúde e fisioterapeuta do esporte, ao correr o corpo recebe um impacto três a oito vezes maior que seu próprio peso. A falta de um programa de treinamento bem planejado, com descanso adequado e aumento progressivo da distância e da intensidade da corrida, está entre as principais causas da canelite. Isso porque a elevação muito abrupta da carga de treinos não permite que o corpo se adapte adequadamente e suporte as exigências da atividade física.
O excesso de peso e treinar sempre em pisos duros (concreto e asfalto) são outros fatores que proporcionam grande impacto ao corpo e aumentam o risco da canelite. O ortopedista Fellipe Savioli e membro da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício), explica que a falta de fortalecimento dos músculos das panturrilhas, do tibial anterior, dos quadríceps e dos glúteos também favorece a lesão, pois os músculos têm importante papel na absorção de impacto e protegem ossos e articulações.
Como tratar a canelite
Caso a dor na canela persista por mais de 72 horas ou apareça em vários treinos seguidos, é importante consultar um médico para investigar o problema. Quando confirmada a lesão, o tratamento geralmente é feito com medicamentos anti-inflamatórios, fisioterapia e muito repouso – sim, o atleta costuma ficar sem correr de seis a oito semanas, tempo médio de cicatrização do periósteo.
Durante esse período de descanso, é importante evitar qualquer atividade física que gera sobrecarga na região lesionada, incluindo movimentos de musculação como agachamento com barra, leg press e exercícios pliométricos (saltos).
Até a bike, geralmente recomendada para corredores lesionados, por não ter impacto, requer cuidados. “O sppinning, por exemplo, exige trechos de pedalada em pé, o que é prejudicial para o tratamento da canelite. Se for participar de uma aula, fique o tempo todo sentado”, alertou Curtolo.
Quando receber liberação médica para voltar aos treinos, faça isso de forma leve, gradual e procure correr na grama ou na terra, pisos que absorvem o impacto. É importante saber que a canelite não ocorre apenas em corredores iniciantes. Os mais experientes também estão sujeitos ao desconforto, que pode evoluir para uma fratura do osso por estresse caso você ignore os sintomas e permaneça fazendo atividades de impacto.