Domingo, 14 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2025
O que estão compartilhando: vídeo em que o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusa os outros magistrados, especialmente Alexandre de Moraes, de estarem “mais preocupados em perseguir Jair Bolsonaro do que em cumprir a lei”.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Há evidência de uso de inteligência artificial (IA) para alterar os movimentos da boca de Fux. O Estadão acompanhou a totalidade do voto do ministro na ação penal que condenou os oito réus do “núcleo crucial” da trama golpista. Em nenhum momento Fux faz as críticas que aparecem no vídeo falso.
No vídeo analisado, a imagem de Fux aparece dizendo: “Claramente o que está acontecendo neste tribunal: alguns colegas, especialmente Vossa Excelência, Alexandre de Moraes, parecem mais interessados em perseguir Jair Bolsonaro, do que em cumprir a lei”.
A imagem de Fux continua: “Mas eu não posso e não vou compactuar com isso. Minha obrigação é cumprir a Constituição, garantir o contraditório e respeitar a ampla defesa. Bolsonaro deve ser julgado nas instâncias corretas, onde a justiça realmente se aplica, e não aqui, onde decisões seletivas e pressões políticas ameaçam atropelar a lei”.
Mas o conteúdo não é autêntico. É possível perceber que o movimento da boca do ministro foi alterado artificialmente. A boca de Fux chega a aparecer sobreposta à mão dele em um dado momento. Essa distorção é uma característica de conteúdos gerados com IA.
O conteúdo manipulado foi publicado dia 11 de setembro, um dia após o voto de Fux na ação penal da trama golpista. O voto do ministro durou mais de 13 horas. O Estadão acompanhou toda a argumentação e separou os pontos de maior destaque – nenhum deles fala de críticas como as apresentadas no vídeo falso.
Em resumo, Fux afirmou no voto que não há provas para condenar Bolsonaro por nenhum dos crimes atribuídos a ele na denúncia: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e dano ao patrimônio tombado.
Para o magistrado, a ação não deveria ser julgada pelo STF, mas pela primeira instância. Assim, em razão da incompetência absoluta da Corte para processar o caso, todos os atos decisórios praticados deveriam ser anulados.
Porém, o ministro foi voto vencido. No dia 11, com o voto da ministra Cármen Lúcia, a Primeira Turma do STF formou maioria para condenar o ex-presidente e outros sete réus do núcleo crucial da trama golpista por todos os cinco crimes imputados a eles na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Fux foi autor da única divergência no julgamento. Com informações do portal Estadão.