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Geral É mau sinal quando, a menos de 40 dias da COP-30 no Brasil, apenas 56 países apresentaram suas metas para o clima

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A COP30 acontecerá na capital paraense em novembro. (Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia)

Prazo já prorrogado pela ONU para que os países apresentem suas novas metas climáticas com vistas à COP-30, em Belém, o mês de setembro chegou ao fim com um desalento: apenas 56 países entregaram as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que funcionam como um compromisso de cada nação para fazer sua parte na redução de emissões e na adaptação às mudanças no clima. (Até a sexta-feira passada, já fora do prazo, outros sete países submeteram suas novas metas.) Um número demasiadamente modesto, apesar dos apelos feitos na recente Assembleia-Geral da ONU. O contraste com a última COP em que isso foi necessário, realizada em 2021, na Escócia, chega a ser brutal: naquele ano, a cerca de 40 dias do início da COP, 113 países já haviam apresentado suas NDCs.

Dos países do G-20, que respondem por aproximadamente 80% das emissões globais, somente Brasil, Reino Unido, Canadá, Japão, Rússia, China e EUA (ainda na gestão de Joe Biden) divulgaram as suas metas climáticas. Na lista de ausências relevantes estão a União Europeia e a Índia, sem esquecer o nada trivial abandono do governo americano do Acordo de Paris – o tratado internacional que une os países no combate às mudanças climáticas.

Não se trata de um preciosismo de calendário ou uma mera desidratação estatística, mas de um sinal preocupante das dificuldades que os negociadores internacionais enfrentarão em Belém – tendo, como pano de fundo, o enfraquecimento da confiança internacional justamente num momento em que a cooperação se torna mais urgente. A equação é ainda mais complexa quando se sabe que a concorrência global é acirrada e muitas vezes injusta, sobretudo numa ordem internacional permanentemente atravessada pela tensão entre o interesse nacional e a necessidade de normas comuns. Quando os Estados se recolhem à lógica da autopreservação, os compromissos multilaterais se tornam frágeis, difusos e descartáveis.

Tudo isso resulta em pêndulos de razoável complexidade, isto é, entre mais flexibilidade das metas ou mais ambição, entre as particularidades de cada país e a ação global, entre a condição de país desenvolvido, com maiores responsabilidades, ou de nação em desenvolvimento, que não pode renunciar ao progresso econômico e social e tem o desafio de fazer isso combatendo a crise climática, e não agravando-a.

É verdade que guerras, disputas comerciais e crises internas explicam parte da inércia. Mas não a justificam. O aquecimento global não suspende sua marcha para que as nações resolvam suas querelas. Cada onda de calor extremo, cada colheita perdida e cada enchente devastadora sustenta a lembrança de que o relógio do planeta não para, enquanto líderes tendem a protelar e adiar decisões relevantes.

Ao Brasil, o anfitrião da Conferência do Clima, caberá um papel ingrato: tentar insuflar confiança num processo que dá claros sinais de exaustão e realizar uma COP inspirada não pela hesitação, mas pela coordenação internacional e pelo multilateralismo. Sem isso e com metas ausentes ou não factíveis, o risco é ter uma COP esvaziada de sentido e, sobretudo, de efeito negativo sobre o desafio maior para o futuro imediato: implementar os respectivos planos de enfrentamento à crise climática e a devida adaptação aos novos tempos. (Opinião/Jornal O Estado de S. Paulo)

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