Sexta-feira, 26 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de agosto de 2015
Apesar da crescente atenção da mídia europeia ao escândalo de corrupção na Petrobras, o debate sobre a situação econômica do Brasil no continente tem se sobressaído à crise política em torno da presidenta Dilma Rousseff. No primeiro escalão dos principais governos europeus, o cenário político brasileiro ainda não atingiu um nível elevado de preocupação. A volatilidade do termômetro da crise contribui para isso: para quem está longe, Dilma parece à beira da queda em uma semana; na seguinte, aparenta estar um pouco mais fortalecida.
Nenhum líder europeu, por enquanto, se pronunciou sobre a situação do Brasil. Procurado pela reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o governo britânico, por exemplo, não se manifestou.
Durante sua rápida visita a Brasília (DF) na semana passada, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, não falou publicamente sobre a instabilidade política no País. Sua presença, com 12 ministros e vice-ministros, contudo, foi usada pelo governo brasileiro como demonstração da confiança alemã. Questionado pelo periódico sobre a crise, o ministro alemão de Relações Exteriores Frank-Walter Steinmeier disse que o Brasil continuará sendo o parceiro mais importante do país na América Latina, “independentemente dos desafios que a política interna brasileira esteja enfrentando”.
Para um embaixador europeu no Brasil, o que predomina são as reações exageradas. “Quando as coisas vão bem, as pessoas ficam eufóricas; quando vão mal, acham que é o fim do mundo”, diz. “Somos do Norte, temos uma visão mais fria das coisas”, completa. Na sua opinião, a crise política é um processo saudável: as investigações sobre a corrupção avançam, a presidenta deixa que o Judiciário trabalhe e, por isso, as instituições estão se fortalecendo.
Cautela
A crise econômica, contudo, gera mais preocupação. “Houve grande impacto nos negócios”, afirma o diplomata. Segundo ele, muitos investimentos se concretizaram nos últimos três meses, mas decorreram de decisões tomadas havia três anos. “Agora, os europeus estão muito cautelosos, resistem a fazer investimentos diretos no País”, diz.
Poder de influência
O pesquisador francês Stephane Monclaire afirma que as chancelarias europeias estão confusas, sem saber exatamente em que direção vai o Brasil. Em seu ranking do poder de influência de 30 países, divulgado em julho, a empresa britânica Portland colocou o Brasil em 23 lugar. “Um aumento na percepção de corrupção torna mais difícil para o País ser influente internacionalmente”, diz o criador da escala, Jonathan McClory.
(Leonardo Colon, Patrícia Campos Mello e Deborah Berlinck/Folhapress)