Domingo, 05 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2015
As incertezas políticas, a inflação pressionada e a piora da confiança do investidor pesarão sobre as empresas brasileiras pelo menos até meados de 2016, afirma a agência de classificação de risco Moody’s em relatório divulgado nesta quinta-feira (16).
O texto foi publicado no mesmo dia em que representantes da agência se reúnem com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para analisar a situação econômica brasileira. O temor do governo é que o País perca o grau de investimento dado pelas agências de classificação de risco.
Segundo Marcos Schmidt, vice-presidente e analista sênior da Moody’s, as “investigações de corrupção pressionaram significativamente a economia brasileira, arrastando os setores de engenharia e construção e energia, consequentemente afetando também as indústrias de aço e materiais de construção”.
No relatório, a agência – que vê retração do PIB (Produto Interno Bruto brasileiro) de 1,8% em 2015 – afirma que a investigação da Operação Lava-Jato deixou os investidores cautelosos em relação às companhias não financeiras do Brasil, limitando o acesso delas aos mercados globais de dívida.
Às incertezas políticas soma-se a deterioração do poder de compra do consumidor, em um cenário de aumento do endividamento das famílias, de altas taxas de juros, inflação pressionada e desemprego.
“As fracas condições econômicas e a reduzida demanda de passageiros limitarão o crescimento da receita e as margens das companhias aéreas brasileiras até pelo menos meados de 2016”, diz Schmidt.
“De modo semelhante, o crescimento irá desacelerar para as companhias brasileiras de telecomunicações, enquanto companhias de mineração vão enfrentar demanda global mais branda e preços mais fracos para minério de ferro e metais base”.
Para exportadoras de celulose, as notícias são mistas, segundo o relatório. O câmbio favorável vai beneficiar essas empresas, enquanto inflação, desemprego e confiança do consumidor em queda não deixarão as companhias aumentarem os preços.
REBAIXAMENTO
Uma equipe da Moody’s está no Brasil para avaliar se as medidas de ajuste fiscal necessárias para que o País mantenha sua nota de crédito estão sendo implementadas.
Para segurar a nota de risco do País, o governo entrou em contato com investidores estrangeiros para tentar reverter o clima negativo sobre as contas públicas.
Votações recentes no Congresso, como o aumento salarial para o Poder Judiciário, podem “colocar em risco nossa classificação no momento em que estamos fazendo esforço fiscal para reequilibrar nossas contas, que talvez tome mais tempo que imaginávamos inicialmente”, disse à reportagem o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
Segundo ele, além de elevar os juros, o rebaixamento teria efeito sobre o câmbio, elevando a cotação do dólar.
QUAIS DEVEM SER OS ARGUMENTOS DA MOODY’S PARA REBAIXAR O PAÍS
Desaceleração da economia
Ao colocar a nota brasileira em perspectiva negativa, em setembro de 2014, a agência afirmou que a perspectiva era de baixo crescimento da economia.
-1,5% é a perspectiva de queda do PIB em 2015, segundo economistas ouvidos pelo Banco Central;
Redução de investimentos
A intervenção do governo na economia havia reduzido a disposição para investimentos.
1,3% foi a queda no investimento registrada pelo PIB no 1º trimestre de 2015;
Deterioração do cenário fiscal
A queda no superavit primário poderia se agravar com a desaceleração da economia. Com a queda da arrecadação federal, o cumprimento da meta de 66 bilhões de reais de superavit fica mais distante. (Folhapress)