Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2016
No dia da divulgação de sua terceira denúncia no Supremo Tribunal Federal, o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou na sexta-feira desconhecer o conteúdo da delação do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto e disse que vai “desmentir com veemência os supostos fatos divulgados”. Ele ainda desafia que sejam provados.
A colaboração premiada de Cleto está entre os motivos que levaram a mais uma acusação formal na mais alta Corte do País contra o peemedebista. “O delator, ao que parece, é réu confesso de práticas irregulares às quais cabe a ele responder por elas”, afirmou Cunha, em nota. O deputado disse também que não tem operador nem gestor financeiro e que não autorizou ninguém a tratar de negócios em seu nome.
“Lamento que todas as denúncias formuladas sejam baseadas em palavras de delator, com histórias fantasiosas”, afirmou o deputado afastado. “Desconheço a delação, desminto os fatos divulgados, não recebi qualquer vantagem indevida, desafio a provar”, disse. De acordo com Cunha, se foi cometida qualquer irregularidade por Cleto que ele “responda por ela”.
A nova denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra Cunha, na Operação Lava-Jato, envolve também o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Cleto e outros dois aliados, o corretor Lúcio Bolonha Funaro e seu assessor Alexandre Margotto.
Segundo investigadores da força-tarefa, todos eles integraram o esquema de desvios de recursos do fundo de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), gerido pela banco público federal. O esquema no qual havia a partilha das propinas cobradas das empresas que recorriam a aportes milionários do fundo foi delatado pelo ex-vice-presidente da Caixa.
A pista sobre a denúncia, mantida até ontem em sigilo no Supremo, foi incluída na fundamentação do ministro Teori Zavascki para autorizar a Operação Sépsis, deflagrada na sexta-feira, e determinar a prisão de Funaro, em São Paulo, apontado como porta-voz de Cunha na negociação de propinas no esquema.
“[Funaro] Foi recentemente denunciado nesta Corte, com o deputado federal Eduardo Cunha e outros, pela suposta prática de crimes, em razão do envolvimento na implementação e no funcionamento do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro relacionado à Caixa Econômica Federal”, escreveu o ministro em sua decisão.
Indicação. Cleto afirmou, na delação premiada na Lava-Jato, que foi indicado por Funaro a Cunha para ocupar o cargo de vice-presidente na Caixa, na gestão da presidente afastada Dilma Rousseff. Em troca, o ex-executivo deveria garantir qualquer solicitação feita pelo deputado afastado no fundo de investimento, oferecendo até mesmo informações privilegiadas que poderiam comprometer o valor das ações negociadas na Bolsa de Valores.
De acordo com o ex-vice-presidente, o peemedebista cobrava informações semanais sobre o assunto. (Daiene Cardoso e Gustavo Aguiar/AE)