Sábado, 04 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2016
A Procuradoria-Geral da República afirma que detectou pagamentos da empreiteira Carioca Engenharia na conta secreta na Suíça atribuída ao ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB). A investigação aponta que ele se beneficiou do esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal revelado na Operação Sépsis.
Sabia-se até agora da existência da conta vinculada a Alves no exterior e de uma investigação aberta pelo Ministério Público da Suíça. Agora, surgem dados sobre a origem dos depósitos. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz que os repasses da Carioca a Alves foram feitos sob orientação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O dinheiro, de acordo com a Procuradoria, era oriundo de propina cobrada da empresa em troca da liberação de recursos do fundo de investimentos do FGTS para obras do Porto Maravilha, no Rio. “Por ocasião da cobrança de vantagem indevida feita aos empresários da construtora Carioca, Cunha indicou para o depósito da propina outra conta, esta de Henrique Eduardo Alves”, disse o procurador-geral da República, Eduardo Cunha.
Pessoas próximas às investigações relataram que houve mais de uma transferência da Carioca para o ex-ministro. Os valores totalizariam ao menos US$ 300 mil. Em março, o Ministério Público da Suíça transferiu para o Brasil uma investigação contra Alves iniciada no país, por causa da descoberta da conta. Na ocasião, ela tinha saldo de R$ 2,8 milhões.
No dia 16 do mês passado, Alves pediu demissão do cargo de ministro – um dos motivos teria sido a descoberta do dinheiro depositado fora do Brasil. Presidente da Câmara em 2013 e 2014, ele é um dos peemedebistas mais próximos do presidente interino Michel Temer (PMDB).
Marcelo Leal, advogado do ex-ministro do Turismo, afirmou que ele “nega veementemente ter recebido qualquer recurso indevido como vantagem pessoal em contas no Brasil ou no exterior e repudia o vazamento seletivo de informações em desrespeito à legislação e às garantias constitucionais”.
Já Cunha (PMDB-RJ) nega ter pedido propina para Alves: “Não tive acesso à denúncia, não pedi propina nem para mim, nem para ninguém e desminto a afirmação”. (Folhapress)