Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 10 de junho de 2016
As lojas exclusivas (e caríssimas) da Praça Vendôme, em Paris (França), estavam entre as preferidas para as compras da jornalista Cláudia Cruz, mulher do presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Um dos destinos habituais dela, onde gastou pelo menos 10 mil dólares nos últimos dois anos, é a tradicional loja de roupas Charvet. Fundada em 1838, é uma das mais conceituadas fornecedoras de camisas sob medida e miudezas como meias e gravatas de reis, príncipes e chefes de Estado europeus.
“Dinheiro público foi convertido em sapatos e roupas de grife.”
Os gostos e gastos da “primeira família” da Câmara dos Deputados fazem parte da denúncia do Ministério Público contra Cláudia aceita nesta semana pelo juiz Sérgio Moro. Para o procurador da República Deltan Dallagnol, as compras eram um dos caminhos usados por ela para lavar dinheiro ilícito depositado por Cunha durante oito anos em sua conta secreta na Suíça.
“Cláudia Cruz cometeu dois tipos de lavagem de dinheiro. Um tipo, foi a ocultação em contas secretas de mais de 1 milhão de dólares. O outro foi a conversão desse dinheiro em bens de luxo. Ou seja, dinheiro público foi convertido em sapatos e roupas de grife”, afirmou Dallagnol.
Predileção pelo luxo.
Os gastos no cartão de crédito de Cláudia mostram predileção pelo luxo. Restaurantes famosos, lojas de grife e hotéis cinco estrelas eram a rotina das viagens ao exterior dela com Cunha e a filha dele, Danielle. Visitas e compras estavam sempre no roteiro, seja em Lisboa (Portugal), Dubai (Emirados Árabes Unidos), Roma e Veneza (Itália), Nova York ou Miami (EUA).
Extratos dos cartões de Cláudia que foram juntados aos autos do processo mostram gastos em lojas de grifes de luxo como Chanel, Christian Dior, Louis Vuitton e Prada, dentre outras.
Em uma viagem para o Réveillon de 2013, eles gastaram, em menos de dez dias em Miami, 42,2 mil dólares. Só para se hospedar no luxuoso The Perry foram 23 mil dólares. Na mesma viagem, os jantares custaram 6,1 mil reais.
Em janeiro de 2014, por exemplo, há registro de uma compra de 7,7 mil dólares em uma loja da Chanel em Paris, e outra de 2,6 mil dólares na Christian Dior da mesma cidade.
Os procuradores sustentam que Cláudia tinha plena consciência dos crimes que praticava. Ela é constantemente flagrada em restaurantes e shoppings de luxo no Rio e em Brasília. As investigações apontam que os valores são totalmente incompatível com os salários e o patrimônio lícito dela e do marido.