Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 24 de maio de 2023
O republicano Ron DeSantis é a maior pedra no sapato de Donald Trump, com quem disputará a vaga do partido para a corrida eleitoral de 2024. Atrás nas pesquisas mais recentes, DeSantis — que será o nome de maior peso nas primárias republicanas depois de Trump, representando uma ameaça definitiva para seu então apoiador — não se diz intimidado com os mais de 30 pontos de vantagem do ex-presidente: pelo contrário, acredita que será capaz de repetir o feito que o reelegeu governador da Flórida em 2022, ainda que estivesse às margens nas sondagens da época, e o lançou como estrela em ascensão do partido.
Na semana passada, o governador — que até então não havia expressado oficialmente a intenção de se candidatar, ainda que as movimentações dos bastidores já indicassem o contrário — praticamente declarou que entraria na disputa, dizendo a doadores e apoiadores em uma ligação ouvida pelo New York Times que apenas três candidatos “credíveis” estavam na corrida e que somente ele seria capaz de vencer tanto a primária republicana, quanto as eleições gerais.
“Você tem basicamente três pessoas neste ponto que são confiáveis”, disse DeSantis aos doadores. “Biden, Trump e eu. E, pensando nesses três, dois têm chance de serem eleitos presidentes: Biden e eu, com base em todos os dados dos estados indecisos, o que não é bom para o ex-presidente e provavelmente insuperável porque as pessoas não vão mudar de opinião sobre ele.”
Segundo pesquisas mais recentes, 56,3% dos eleitores republicanos pretendem apoiar o ex-mandatário. Em segundo lugar, o governador da Flórida tem 19,4% das intenções de voto, de acordo com pesquisa da Real Clear Politics.
A entrada de DeSantis na corrida das primárias republicanas contra Trump era amplamente esperada, mas a decisão de fazê-lo com Musk adiciona um elemento surpreendente e dá ao governador acesso a um grande público on-line, onde o ex-mandatário costuma ser forte. O evento no Twitter Spaces, planejado para as 18h no horário local (às 19h, em Brasília), injeta um nível de risco em um lançamento de campanha que deve ser cuidadosamente roteirizado e garante que a primeira impressão de DeSantis como candidato presidencial seja se alinhar com o empresário multimilionário.
Espera-se também que DeSantis apareça mais tarde na Fox News em uma entrevista com Trey Gowdy, um ex-congressista da Carolina do Sul.
Os outros candidatos já na disputa pelas primárias republicanas, além de Trump, são: Nikki Haley (ex-governadora da Carolina do Sul), Vivek Ramaswamy (empresário e autor multimilionário), Asa Hutchinson (ex-governador do Arkansas), Larry Elder (conservador apresentador de rádio na Califórnia) e Tim Scott (senador da Carolina do Sul). Especula-se que o ex-vice de Trump, Mike Pence, também entre na corrida, embora ainda não tenha anunciado nada oficialmente.
Do lado dos democratas, estão o presidente Joe Biden, Marianne Williamson (autora de autoajuda e ex-conselheira espiritual de Oprah Winfrey) e Robert Kennedy Jr. (sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy, proeminente ativista antivacina).
“Trump 2.0”
DeSantis, de 44 anos, é ex-astro do beisebol, veterano da Marinha e ex-congressista. Nascido em uma família de classe média de origem italiana, formou-se na prestigiosa Yale University e na exigente Escola de Direito de Harvard. Mais tarde, exerceu a advocacia nas Forças Armadas, servindo como consultor em Guantánamo e com tropas de elite no Iraque.
Em 2011, publicou “Dreams of our founding fathers” (“Sonhos dos nossos pais fundadores”), uma referência à autobiografia do ex-presidente Barack Obama, “Dreams of my father” (“Sonhos do meu pai”). No livro, DeSantis criticou o democrata por romper com a Constituição por causa de suas visões “progressistas”.
Em 2012, conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados e foi reeleito duas vezes. Seis anos depois, ele se tornou governador com uma estreita maioria após receber apoio crítico do então presidente Donald Trump. Nos seus anos no Congresso, entre 2013 e 2018, chegou a ser chamado de “jovem líder brilhante” pelo ex-presidente. Mas, desde então, muita coisa mudou na relação com Trump, que agora o chama de “DeSanctimonius” (“DeHipócrita”, em português).
“Depois de fazer campanha por cinco meses, e indo a lugar algum, senão para baixo, parece que Ron ‘DeSanctimonious’ logo estará entrando na corrida”, postou Trump em sua plataforma de mídia social, Truth Social, na sexta-feira. “Ele tem chance ZERO e o MAGA [acrônimo de ‘Make America Great Again’, slogan de Trump, que significa ‘Tornem os EUA grandes de novo’, em português] nunca vai esquecer!”, continuou.
De estilo frio e implacável, DeSantis é um conservador populista fortemente armado para a guerra cultural. Como governador da Flórida, provou ser um grande estrategista na batalha ideológica, proibindo conversas sobre identidade sexual e de gênero nas escolas, opondo-se às restrições pandêmicas ou enviando 50 imigrantes de avião para uma ilha democrata em Massachusetts para denunciar a política de imigração de Joe Biden.
Para seus adversários, o republicano é um líder perigoso com modos autocráticos. Uma espécie de Trump 2.0: a versão ampliada, mais amigável e sem a bagagem sórdida do ex-presidente.