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Por Redação O Sul | 26 de outubro de 2019
Assim como os vizinhos na Argentina, os uruguaios também vão às urnas neste domingo (27). As eleições no Uruguai escolherão o substituto do presidente Tabaré Vázquez e a nova composição do Congresso do país. Além disso, os eleitores deverão dizer sim ou não a um projeto de reforma constitucional na área da segurança pública – um dos temas que dominou o debate durante a campanha. Veja quem são os candidatos a presidente.
Diferentemente do outro lado do Rio da Prata, onde Alberto Fernández deve vencer em primeiro turno, o Uruguai deverá ter nova rodada de votações no fim de novembro. É o que indica a pesquisa mais recente divulgada pelo jornal uruguaio “El País”.
Os números mostram que o engenheiro Daniel Martínez, governista da Frente Ampla, lidera com 33% das intenções de voto. Em seguida, está o advogado Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, com 25%.
As eleições uruguaias ocorrem em um contexto turbulento na América do Sul, onde a maior parte dos países enfrenta protestos ou crises políticas sem precedentes. Embora o projeto de reforma na segurança tenha sido o estopim para uma série de protestos no país, o Uruguai vive cenário político e econômico relativamente estável na comparação com vizinhos.
Para além dos debates sobre os programas de governo, as eleições no Uruguai também ocorrem em meio à comoção gerada pelo anúncio de que o atual presidente, Tabaré Vázquez, está em tratamento contra um câncer de pulmão.
Além de votar para presidente, os uruguaios decidirão a favor ou contra um projeto de reforma na segurança pública – o projeto “Viver sem medo”. O pacote de medidas inclui: criação de uma Guarda Nacional militar que terá poder de polícia; adoção da prisão perpétua; fim da progressão de pena em alguns casos; possibilidade de operações de busca à noite, com autorização judicial.
Quem são os principais candidatos a presidente?
1. Daniel Martínez – Frente Ampla
Candidato da situação e ex-prefeito de Montevidéu, Martínez não é visto pela principal coalizão de esquerda como um grande líder tal qual Vázquez e o ex-presidente José “Pepe” Mujica. O desafio a ele aumenta porque, se eleito, ele terá de lidar com cisões dentro da própria Frente Ampla e com um Congresso bastante fragmentado.
Ainda assim, as pesquisas de opinião mostraram Martínez em uma ascendente – incapaz, no entanto, de garantir nova vitória da Frente Ampla no primeiro turno. Tudo indica que ele terá de fazer concessões à direita se quiser atrair eleitores dos outros partidos uruguaios para manter a coalizão esquerdista no poder pelos próximos anos, algo que pode irritar correligionários mais à esquerda.
2. Luis Lacalle Pou – Partido Nacional
O advogado é a principal aposta da direita uruguaia para retornar ao poder após 15 anos de governos da Frente Ampla. Filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995), o candidato propõe reequilibrar as contas públicas – o site oficial de campanha acusa o atual governo de acumular dívidas e permitir falência de empresas com capital estatal, como a companhia aérea Pluna, que fechou as operações em 2012.
Lacalle tentará se descolar da imagem de Mauricio Macri, presidente da Argentina eleito em 2015 com plataforma semelhante e que dificilmente conseguirá se reeleger. Martínez, inclusive, chegou a compará-lo com o argentino em um debate, e o candidato direitista respondeu: “Essa comparação é simplista, e eu não o comparei com Kirchner”.
3. Guido Manini Ríos – Cabildo Abierto
Pesquisas mais recentes do “El País” mostraram que Manini conseguiu chegar à terceira colocação nas intenções de votos e deve conquistar cerca de 12% do eleitorado. Ele, que é general, obteve notoriedade após o presidente Vásquez afastá-lo do cargo de comandante chefe do Exército por críticas ao sistema de Justiça do país e ao propor reformas no Estado e um novo Código de Processo Penal.
Embora receba comparações com Jair Bolsonaro, Manini – que evita se considerar de direita ou de esquerda – ressaltou à agência argentina Infobae que há diferenças nas ideias entre ele e o presidente brasileiro.
4. Ernesto Talvi – Partido Colorado
Talvi, do tradicional Partido Colorado, chegou a disputar uma vaga no segundo turno de acordo com as primeiras pesquisas. Porém, ele viu seu apoio derreter diante do crescimento de Lacalle Pou e de Manini Ríos.
O economista combina uma plataforma economicamente liberal com uma série de medidas para combater a criminalidade e melhorar os índices de educação no país. Com isso, o capital político de Talvi deve ser disputado entre Martínez e Lacalle Pou, no segundo turno.