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Geral Eles são casados, têm filhos… e são padres da Igreja Católica no Brasil e em Roma

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O padre romeno Sergiu Chiroloaei e sua mulher, Stefana; casal tem filho de 2 anos. (Foto: Reprodução)

Vítor Pimentel Pereira tem 42 anos, é casado e tem três filhos. De segunda à sexta, trabalha como funcionário público, no Rio de Janeiro. Sergiu Chiroloaei é um romeno de 27, casado e com um filho de 2 anos. Vive em Roma (Itália), onde faz doutorado em Teologia. Ambos têm algo em comum: são padres casados e vivem no Ocidente.

Aos sábados, Vitor veste a batina, primeiro, para rezar sob o rito romano, e, depois, aos domingos, as roupas são as de seu rito católico oriental. Ele é desde 14 de fevereiro de 2021 o primeiro padre casado ordenado no Brasil após o papa Francisco de permitir, em 2014, que as igrejas do rito oriental tivessem sacerdotes casados no Ocidente.

Sergiu também se divide entre a família e a Igreja. E reza missas na capital italiana.

No Brasil, Vítor é um dos oito sacerdotes da Igreja Greco-Católica Melquita, uma das 23 das igrejas dos ritos orientais vinculadas à Roma, submetendo-se à autoridade papal. Em 21 delas, casados, desde que sejam viri probati – homens provados – podem ser ordenados. As únicas exceções são as duas igrejas católicas indianas: Siro-Malabar e Siro-Malancar.

Em seus territórios de origem, essas igrejas sempre contaram com padres casados. No Brasil, a maior delas é a Igreja Greco-Católica Ucraniana, que conta com o arcebispo d. Volodemer Koubetch, dois bispos e mais de 60 padres. Três outras têm eparquias (dioceses) no Brasil comandadas por um bispo: as Igrejas Católicas Maronita, a Melquita e a Armênia.

A permissão para padres casados foi um passo grande no pontificado de Francisco. Trata-se de uma tradição que sempre existiu nos territórios de origem dessas igrejas. Ainda não se sabe se o papa Leão XIV fará mais mudanças em relação ao celibato de sacerdotes.

São 2 mil anos com padres casados no Oriente e no Leste Europeu, conta Vítor. Em uma delas, a greco-ucraniana, o número de sacerdotes casados supera o de celibatários.

No Brasil, o arcebispo de Belo Horizonte, d. Walmor Vieira de Azevedo, é o responsável pelas demais igrejas orientais que não têm bispos no País. Padre Vitor é ainda advogado na Câmara Eclesiástica Melquita, do Rio, que analisa processos com base no Direito Canônico. Seu caminho até a ordenação foi longo e raro – é o único do Brasil e um dos três padres casados do rito oriental na América Latina.

Em sua família, uma tia, que pertencia à Congregação das Irmãs de Santa Doroteia, rezava para que ele se tornasse padre. “Eu era adolescente – 17 anos – e ainda pensava o que faria da vida. Ela rezava muito pela minha vocação.”

Nas igrejas do rito oriental, há dois caminhos para o sacerdócio. O primeiro é o jovem entrar no seminário, onde pode decidir ou não ser casado. O outro é o que o padre Vitor fez.

“Já fui um homem maduro e a minha vocação não foi impedimento de minha parte. Ela decorreu da necessidade pastoral”, diz. O seu caminho começou porque a paróquia melquita do Rio, a única do Estado, era carente de sacerdotes.

“Era a minha paróquia havia quase 20 anos, onde eu cantava, fui catequista. Mas só tinha um padre. Quando eu estava para me casar, ele falou: ‘Vitor, você aceitaria depois de um tempo de formação, de se casar, me ajudar como diácono?’”

Vitor conversou com a noiva antes de aceitar. “Comecei a formação, mas um bispo se aposentou, veio outro que ficou um tempo, e foi embora. Cheguei a receber o subdiaconado, mas ficou meio assim: eu cantava no coro e estava satisfeito.”

Em 2019, o pároco do Rio, o que fizera o convite em 2011 para Vitor ser diácono, foi escolhido por Francisco para se tornar novo bispo (melquita) do Brasil e cuidar de seis comunidades em quatro Estados.

“O bispo do Brasil é sempre itinerante, está sempre indo para lá para cá. O que aconteceu? Ganhamos um bispo, mas perdemos o único padre do Rio”, relata Vitor.

A solução foi o convite do bispo George Khoury. “Vou te ordenar diácono, porque ao menos fica um clérigo residente no Rio.” Vitor virou diácono, mas o bispo não conseguia encontrar um padre que assumisse a paróquia.

Como o bispo não conseguia trazer um sacerdote de fora para o Brasil, conversou com o cardeal-arcebispo da cidade, d. Orani Tempesta, que conhecia o diácono e disse não tinha nada a opor. “Agora sempre tem um padre presente para sepultar as pessoas, dar os sacramentos, e celebrar.”

Vitor estava casado desde 2012 – ele teve quatro filhos em seu casamento – quando foi ordenado. Mesmo sendo padre, continua trabalhando como funcionário público federal, pois sua paróquia é pequena e os recursos, insuficientes para sustentá-lo.

“Sou concursado desde os meus 24 anos. Tenho permissão especial de seu bispo para exercer uma profissão civil como forma de manter minha família”, diz.

Para o padre, foi a crise das vocações, a diminuição do número de pessoas com desejo de seguir a vida religiosa, que está na base de sua ordenação como padre. Trata-se de um caminho discutido pelo papa Francisco para outro setores da Igreja, um debate ainda aberto entre os católicos, que além de admitir os sacerdotes casados do rito oriental, também admite na igreja latina padres casados nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, desde que sejam pastores ou padres de cristãos, como os anglicanos, convertidos ao catolicismo.

Para ele, sua responsabilidade é até maior do que a dos padres celibatários. “Tenho que dividir: um trabalho civil que tenho que dar conta, exercer minha vida de marido e pai, e cuidar da paróquia. Celebro a Divina Liturgia no domingo, mas na segunda é dia de trabalho civil, enquanto na maioria das igrejas o padre folga.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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