Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 30 de dezembro de 2023
O otimismo e a segurança em relação ao ambiente econômico do país em 2024 levaram os fabricantes de veículos a antecipar projeções que normalmente são divulgadas em janeiro. Segundo cálculos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no próximo ano, as vendas de veículos no país vão crescer 7%, num total de 2,45 milhões de unidades.
O mercado interno voltará a ser o propulsor da produção, já que a expectativa de crescimento das exportações é tímida. A Anfavea anunciou a expectativa de produzir 2,7 milhões de veículos no próximo ano, 4,7% mais do que o número esperado para 2023. Desse total, 407 mil unidades serão exportadas. As exportações tendem a crescer apenas 2%, em 2024, segundo a entidade.
O ritmo das vendas internas começou a acelerar na segunda metade deste ano, o que levou a um avanço de 9,1% no acumulado de janeiro a novembro. A Anfavea estima que em 2023, o mercado brasileiro de veículos será 8,8% maior do que o de 2022.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, lembrou que, ao contrário do que aconteceu em 2022, neste ano o setor não passou pelos problemas provocados pela falta de semicondutores.
Além disso, as vendas de carros se beneficiaram do programa do governo (MP 1.175), de maio, que ofereceu incentivos fiscais para permitir descontos na linha de automóveis com preços abaixo de R$ 130 mil. “Depois do programa, a média diária de vendas cresceu de forma consistente”, diz Leite.
Segundo ele, o ritmo em dezembro segue forte, com médias diárias de emplacamentos em torno de 14,5 mil unidades, acima das médias dos meses anteriores, que ficaram em torno de 10 mil.
Taxa de juros
O otimismo em relação ao próximo ano, segundo o dirigente, se deve a um cenário econômico favorável, com queda das taxas de juros e inflação sob controle.
A direção da Anfavea segue a análise dos especialistas que preveem, para o fim de 2024, uma inflação de 4% e uma taxa básica de juros de 9,25% ao ano.
Os juros para o consumidor, que chegaram a 30% ao ano nos financiamentos de carros em 2022, tendem, segundo a entidade, a baixar dos atuais 26% para 23%. Leite lembra que o mercado de veículos reage à medida que os juros caem.
Mas, apesar das boas perspectivas de crescimento, as vendas de veículos ainda dependem fortemente das compras feitas pelas locadoras. O ano termina com uma participação de 48% das chamadas vendas diretas no total comercializado pelas montadoras.
Aurélio Santana, diretor-executivo da entidade, lembra que no próximo ano haverá quatro dias úteis mais do que em 2023. Segundo Santana, uma quantidade menor de feriados e feriados-ponte leva mais clientes às concessionárias e a dedicar o tempo à pesquisa de modelos e preços na internet.
A eletrificação também continua a avançar. A venda de carros híbridos e elétricos crescerá este ano 80%, com 89 mil unidades. E a expectativa é de esse volume aumentar, a despeito da decisão do governo de retomar a cobrança de Imposto de Importação para carros 100% elétricos, que são todos importados. Leite prevê a ampliação do número de empresas que produzirão no país veículos híbridos (que funcionam com um motor elétrico e outro a combustão).
Com 2,359 milhões de unidades, a produção de veículos em 2023 ficará 0,5% menor do que em 2022, segundo a Anfavea. A retração é resultado de queda nas exportações, provocada pela perda de competitividade do setor na América Latina e também pela retração de demanda na Argentina. No acumulado até novembro, foram embarcados 378,2 mil veículos, queda de 15,9%.
Segundo Leite, sem o ritmo histórico de vendas para a Argentina, o Brasil deixará de exportar quase 100 mil veículos este ano. O dirigente diz que os exportadores de veículos têm a competitividade prejudicada pelo custo Brasil. “A reforma tributária vai ajudar”, destaca.
Incentivos fiscais
O secretário de Desenvolvimento, Indústria, Comercio e Serviços, Uallace Moreira, afirmou, durante evento da Renault no Paraná, que o chamado Mover, Programa Mobilidade Verde, será anunciado em breve e vai envolver R$ 3 bilhões em incentivos fiscais para a indústria automotiva.
Como continuidade do Rota 2030, o programa prevê redução de impostos para empresas do setor automotivo. Em contrapartida, as empresas se comprometem a investir em pesquisa e desenvolvimento. Além disso, o Mover vai fixar metas de redução de emissões, além de novos itens obrigatórios de segurança.
Outro assunto que movimentará o setor automotivo nos últimos dias do ano são os incentivos fiscais para fábricas instaladas no Nordeste e Centro-Oeste.
A expectativa é que o tema seja abordado na votação da reforma tributária. “É a oportunidade de lançar as bases de um Brasil no qual todas as regiões são produtivas e geram desenvolvimento”, destaca a carta. O texto diz, ainda, que o processo de desenvolvimento proporcionado pelo regime automotivo não deve ser interrompido até que “atinja a maturidade”.