Sábado, 15 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de dezembro de 2017
Apesar das promessas de maior independência em relação ao governo federal, a Petrobras transferiu para o Palácio do Planalto a divulgação de seu plano de investimentos para o período entre 2018 e 2022, que prevê aportes de US$ 74,5 bilhões. O anúncio em Brasília contraria a história recente da companhia, que sempre optou por divulgar o plano de negócios em sua sede, no Rio – como ocorreu também com o primeiro plano da gestão Pedro Parente, em 2016.
Na cerimônia, Temer não citou a Operação Lava-Jato – da qual também é alvo –, mas usou seu rápido discurso para dizer que a Petrobras deixou de ser “um palavrão” e agora apresenta resultados. No palco com Temer e o presidente da estatal estava o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, também citado em delações da Lava-Jato. Os dois negam as acusações.
“Há dois anos, a Petrobras era quase um palavrão, ficou muito desmoralizada, e o Pedro [Parente] conseguiu reerguer a Petrobras para que eu pudesse dizer essas palavras. Cuidaremos para que a Petrobras permaneça como uma referência de profissionalismo e excelência no Brasil e no mundo”, disse Temer.
Enfrentando baixos índices de aprovação popular, o presidente sofreu em dezembro uma importante derrota na área econômica com o adiamento da votação da Reforma da Previdência. Ele aproveitou o evento desta quinta-feira (21) para fazer eco ao discurso de que seu governo recuperou a companhia. “Se no passado houve abusos na Petrobras, eles foram eliminados”, afirmou.
Parente disse que o fato de o evento ter ocorrido no Planalto não “arranha a imagem de autonomia” da empresa. Segundo ele, a divulgação em Brasília foi uma forma de prestar contas ao acionista. Antes de Temer, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, enumerou medidas adotadas pelo governo no setor que ganharam o apoio de investidores, como o fim da exclusividade da Petrobras na operação do pré-sal.
O plano
O plano divulgado pela Petrobras mantém estável a projeção de investimentos, em uma média de US$ 14,9 bilhões por ano – a versão 2017-2021, falava em US$ 14,8 bilhões anuais. A empresa permanecerá focada em reduzir o endividamento e em colocar em produção reservas já descobertas, sem grandes alterações em relação à estratégia iniciada no plano anterior.
O documento reforça a política de “preços de mercado” para os combustíveis, mas diz que a empresa será “ativa”, com o objetivo de recuperar o terreno perdido para importações de empresas privadas nos últimos anos. A Petrobras manteve a meta de vender US$ 21 bilhões em ativos até o ano que vem, apesar de ter fechado somente US$ 4,5 bilhões em negociações até agora.
Do total de investimentos, US$ 60,3 bilhões serão destinados à área de exploração e produção – 77% desse volume voltado ao desenvolvimento de reservas já descobertas. A meta é atingir, em 2022, a produção de 3,5 milhões de barris de óleo e gás, crescimento de cerca de 30% com relação à produção atual. Desse total, 3,4 milhões de barris de óleo equivalente serão produzidos no Brasil.
Ao todo, 19 novas plataformas serão colocadas em operação até 2022. Apenas em 2018, serão oito, seis delas no pré-sal. A área de Refino e Gás receberá US$ 13,1 bilhões, com destaque para logística de gás e qualidade de combustíveis. O único projeto de ampliação de refino previsto é a segunda fase da refinaria de Pernambuco, que depende ainda da busca por parceiros dispostos a ajudar no investimento.