Quarta-feira, 12 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2018
Com o candidato Jair Bolsonaro (PSL) impedido de realizar atos nas ruas após o ataque sofrido na quinta-feira (06), a campanha do presidenciável passará por uma transformação. Ele gravará vídeos no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde está internado. O seu vice, general Hamilton Mourão, os filhos e os principais aliados o substituirão em eventos públicos.
Em boletim divulgado no início da tarde de sexta-feira (7), o médico Miguel Cendoroglo, diretor-superientendente do Albert Einstein, informou que Bolsonaro encontra-se consciente e em boas condições clínicas. O candidato chegou ao hospital por volta das 11h, após transferência da Santa Casa de Juiz de Fora, onde ele recebeu os primeiros socorros após receber a facada que provocou lesões no intestino e perfurou a veia mesentárica.
Bolsonaro segue internado na UTI e não tem previsão de alta. Em São Paulo, apoiadores do candidato chegaram a instalar um grande boneco inflável com a imagem de Bolsonaro, que foi retirado em seguida.
Na nova estratégia forçada pelo atentado, o general Mourão deve abrir mão da agenda de palestras e eventos fechados e passará a assumir eventos nos quais Bolsonaro estaria presente, porém sem as já tradicionais recepções em aeroportos com a presença de apoiadores em massa. O filho Eduardo, candidato à reeleição a deputado federal por São Paulo, intensificará a agenda pública no estado, considerado estratégico pela campanha.
O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, anunciou que os próximos compromissos estão cancelados. E reconheceu que não há “substituto”.
“A agenda de viagens está cancelada. A agenda será feita via internet e com vídeos dele (Bolsonaro). Ele é insubstituível”, afirmou Bebianno.
Na próxima semana, Bolsonaro tinha uma viagem marcada para o Nordeste, onde passaria por Pernambuco, Alagoas e Bahia. Os próximos destinos incluiriam Espírito Santo e Paraná.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que disputa vaga ao Senado, disse que seu pai “provavelmente não consegue mais ir para as ruas nessa campanha”. Ele reconheceu que o quadro é “deliciado” e se mostrou mais grave do que se imaginava inicialmente.
“Pode ter certeza de uma coisa: ele está lá se recuperando, provavelmente não consegue mais ir para ruas nessa campanha. Ele não pode ir às ruas, mas nós podemos”, disse Flávio, completando: “É uma campanha que não está sendo fácil e não vai ser fácil. Mas a gente vai continuar indo para rua com a nossa verdade.”
Função de Mourão
O general Mourão já discutiu com outros militares que integram a campanha sua nova função. E foi estimulado a abandonar a agenda de vice. Ele já havia divulgado uma lista de compromissos para a próxima semana. No entanto, comunicou que desistiu das atividades que ocorreriam no Paraná e em Manaus.
“Mourão tinha uma agenda quase independente. Ele atuava num segmento, principalmente com palestras, e Bolsonaro em outro. Agora, vai ser difícil adotar o modelo de campanha que vinha sendo adotado. Num aeroporto, Mourão seria recebido por dez pessoas. Isso (ser recebido por uma grande quantidade de apoiadores) é intransferível de Bolsonaro, que tem muito carisma”, afirma o general da reserva do Exército Augusto Heleno, um dos militares mais próximos ao presidenciável, que explicou como será o papel de Mourão daqui para frente: “Quando é apresentação, ele vai no lugar de Bolsonaro. Palestras a empresários, redes de rádios, essas coisas. Se o evento envolve carisma, multidão, ele não vai se expor a isso.”
Mourão afirmou que, na próxima terça-feira (11), haverá uma reunião em Brasília para definir a nova estratégia.
“Não tem nada fechado. Temos três situações para organizar: uma é a saúde dele, que é nossa prioridade. Em segundo lugar, tem a questão policial, de acompanhar as investigações, para checar se houve outra motivação além da mera maluquice de alguém. E a terceira coisa é reorganizar os dispositivos da campanha”, disse Mourão.
Presidente do PSL em São Paulo, o deputado Major Olímpio pretende marcar agendas públicas com Mourão. Olímpio destacou, porém, que Eduardo Bolsonaro, candidato à reeleição como deputado federal no estado, deve ter maior visibilidade.
Articulador político da campanha, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM) afirmou, ontem, que caberá aos aliados e seguidores continuar a campanha nas ruas. Caso Bolsonaro consiga se recuperar a tempo, Lorenzoni afirmou que ele deve participar dos dois últimos debates: na Record, no dia 30, na TV Globo, em 4 de outubro.