Quinta-feira, 19 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 16 de setembro de 2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesse sábado (16) a regulamentação de plataformas digitais para combater a propagação de conteúdos antidemocráticos e de discursos de ódio nas redes sociais.
Ele também voltou a cobrar investimentos das nações mais ricas em países em desenvolvimento para a preservação ambiental. Lula deu as declarações durante discurso na reunião de líderes do G77, realizada em Havana, capital de Cuba. O G77 reúne países em desenvolvimento. A China, que não faz parte do grupo, também enviou um representante para o encontro.
“O projeto de diretrizes globais para regulamentação de plataformas digitais, da Unesco, equilibra a liberdade de expressão e o acesso à informação com a necessidade de coibir a disseminação de conteúdos que contrariam a lei ou ameaçam a democracia e os direitos humanos”, declarou Lula.
Ainda sobre o setor de tecnologia, o petista afirmou que multinacionais possuem modelos de negócio que “acentuam a concentração de riquezas, desrespeitam leis trabalhistas e, muitas vezes, alimentam a violação de direitos humanos e fomentam o extremismo”.
“Corremos riscos que vão da perda de privacidade ao uso de armas autônomas, passando pelo viés racista de muitos algoritmos”, disse Lula.
Meio ambiente
Em uma crítica aos países ricos, Lula afirmou que os países em desenvolvimento não têm “a mesma dívida histórica dos países ricos pelo aquecimento global”.
“O princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas permanece válido. É por isso que o financiamento climático tem que ter assegurado a todos os países em desenvolvimento, segundo suas necessidades e suas prioridades”, afirmou o presidente brasileiro.
“Será necessário insistir na implementação dos compromissos nunca cumpridos pelos países ricos”, acrescentou o petista.
Embargo
Em seu discurso, o presidente criticou o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba. Ele também rechaçou a inclusão do país caribenho, pelos norte-americanos, na lista das nações que não colaboram completamente contra o terrorismo.
“É de especial significado que, neste momento de grandes transformações geopolíticas, esta cúpula seja realizada aqui em Havana. Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa. E até hoje é vítima de um embargo econômico ilegal. O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo”, afirmou o presidente.
Lula deu as declarações logo no início do pronunciamento, após saudar o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.
O embargo econômico a que Lula se referiu no discurso é imposto pelos Estados Unidos há mais de 60 anos, impede a maior parte de relações comerciais entre os países, e não há perspectiva de que seja suspenso.
A entrada em vigor do embargo, em 7 de fevereiro de 1962, foi parte de uma série de medidas tomadas pelos norte-americanos contra o regime cubano no período da Guerra Fria.
Mais recentemente, em 2022, os Estados Unidos, país presidido por Joe Biden, recolocou Cuba na lista de países que os norte-americanos consideram que não colaboram completamente na luta contra o terrorismo. A inclusão acentuou a crise entre Cuba e Estados Unidos.