Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2023
Relator da medida provisória que reestruturou o governo Lula no início do ano, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) deve prever em seu parecer o retorno da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o Ministério da Agricultura. Para atender o MST, Lula transferiu o órgão para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), mas a decisão desagradou ao agronegócio, que se articulava para reverter a medida.
Integrantes do Palácio do Planalto dizem ter se convencido de apoiar o parecer de Isnaldo sob o argumento de que é importante se aproximar da bancada ruralista, composta por 300 parlamentares, para garantir a governabilidade, ainda mais em meio à CPMI dos Atos Antidemocráticos.
Divisão
Bulhões chegou a consultar a ministra Esther Dweck (Gestão) para saber se seria possível transformar a Conab em agência e repartir o controle entre as duas pastas. Não deu certo. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a bancada ruralista não cederam. O interesse é sobre as atribuições de estocagem e de preços mínimos da Conab.
Campanha
Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Carlos Fávaro passaram os últimos dias procurando parlamentares de diferentes correntes políticas, pedindo cada qual pelo seu ministério. Mas o incômodo provocado pelas invasões do MST afugentaram apoiadores e fizeram a decisão se inclinar para a Agricultura.
Exigências
O MST ampliou a lista de exigências ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enquanto mantém áreas rurais produtivas e de pesquisa sob o controle de seus militantes. Após ter cedido e feito nomeações em órgãos federais, a gestão petista se mobilizou para receber mais demandas.
De Londres, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, abandonou um evento e foi chamado de volta ao Brasil por Lula para tratar da crise. O titular da Fazenda, Fernando Haddad, abriu as portas do gabinete da pasta na capital paulista a líderes dos sem-terra e se dispôs a ouvir novos pedidos.
O governo já havia nomeado 19 superintendentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para tentar pôr fim à onda de invasões deflagradas no chamado “Abril Vermelho”. Em contrapartida, áreas invadidas em Petrolina (PE) e Aracruz (ES), pertencentes à Embrapa e à Suzano, deveriam ser desocupadas, o que não se concretizou. Setores do agronegócio, governadores e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criticaram a investida do MST.