Cinema Em Gramado, Anna Muylaert fala sobre a estreia nacional de “Que Horas Ela Volta?”
Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2015
A primeira noite oficial do 43º Festival de Cinema de Gramado foi cercada de expectativas. Muitas delas em torno do filme de abertura deste ano, “Que Horas Ela Volta?”, exibido fora de competição. O filme de Anna Muylaert fez a sua estreia nacional na Serra Gaúcha depois de consagração internacional em festivais como Berlim e Sundance.
Com estreia programada para o dia 27 de agosto no circuito comercial brasileiro, “Que Horas Ela Volta?” marca o retorno de Anna Muylaert a Gramado. A diretora tem uma relação especial com o Festival, que consagrou o seu longa-metragem de estreia “Durval Discos” em diversas categorias, incluindo melhor filme, direção e roteiro. “Tenho um laço afetivo muito grande com o Festival. Exibir meu primeiro longa neste evento foi um momento mágico para mim e para a minha equipe. A recepção foi muito positiva e tive uma plataforma de lançamento do meu trabalho a nível nacional”, comenta Anna.
Segundo a diretora, “Que Horas Ela Volta?” é um filme que, embora político, é sobre “a arquitetura dos afetos nas relações de poder brasileiras. Um filme que está atrás da humanidade dos personagens ao mesmo tempo que torna visíveis as regras separatistas invisíveis da nossa cultura”. Anna revela ainda que sua intenção era fazer um espelho que, apesar de crítico, também procura ser afetivo e emocional.
Por ser centrado em um cotidiano aparentemente brasileiro, era de se esperar que “Que Horas Ela Volta?” trouxesse certa incompreensão por parte do público estrangeiro. Não foi o que aconteceu, já que, além dos prêmios, o próprio público respondeu positivamente ao filme. “Quando chegamos em Sundance em janeiro deste ano, por exemplo, eu não tinha certeza nem sequer se eles entenderiam o filme. Mas, desde o início, nos debates, percebemos que os estrangeiros – apesar de não viverem exatamente essa situação –, a compreendem bastante porque vivem situações semelhantes, sejam nas casas com faxineiras imigrantes ou nos escritórios. Eles leem o filme como um filme que parte de uma situação brasileira particular, mas que toca de maneira universal tanto a questão social quanto a questão da família”, avalia a diretora.
